Em janeiro, os Estados Unidos prometeram à Ucrânia 31 tanques de batalha Abrams.
Agora, o Pentágono também quer fornecer ao país, em guerra contra a Rússia, munições de calibre 120 milímetros com urânio empobrecido – que integram pacote com outros armamentos no valor de US$ 175 milhões (cerca de R$ 860 milhões na conversão direta).
Esse tipo de munição tem causado controvérsia por utilizar material radioativo.
A munição de urânio consiste, em grande parte, de urânio empobrecido, produzido como resíduo radioativo durante o enriquecimento de urânio
No processo de enriquecimento, é produzida uma grande proporção de urânio empobrecido, que contém uma parte muito menor desse isótopo radioativo.
Embora o urânio empobrecido tenha uma proporção muito menor do isótopo radioativo U-235, usado na produção de armas nucleares, os projéteis fabricados com esse material têm alto poder de penetração
As balas com urânio empobrecido são tão duras que podem penetrar a superfície externa de um tanque
Além disso, no impacto, o projétil derrete e libera pó quente de urânio, que se inflama espontaneamente ao entrar em contato com o oxigênio do interior do veículo.
O fogo queima viva a tripulação do tanque inimigo e, caso o veículo esteja transportando munição ou combustível, também poderá ocorrer uma explosão em seu interior
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha nazista realizou testes com projéteis de urânio. Como o material era escasso e caro, não foi utilizado na época
Hoje, sabe-se que 21 países têm esta munição nos seus arsenais, incluindo os EUA, a Rússia, a Turquia e a Arábia Saudita
Até agora, apenas Washington admitiu ter utilizado esta munição em operações militares no Iraque, na ex-Iugoslávia, no Afeganistão e na Síria
Só durante a Guerra do Iraque, em 2003, centenas de toneladas de munição de urânio foram disparadas.
Diferentemente das armas biológicas e químicas, das minas antipessoais e das bombas de fragmentação, as munições de urânio não são proibidas
Não existe nenhum acordo internacional que proíba explicitamente a utilização de urânio empobrecido
Porém, os especialistas alertam para as possíveis consequências a longo prazo do urânio libertado em grandes quantidades
O urânio empobrecido dificilmente pode irradiar diretamente as pessoas nas suas imediações
Sua radioatividade é cerca de 40% mais fraca do que a do urânio natural e a radiação geralmente não consegue penetrar na pele e nas roupas.
A uma distância de um metro, um quilograma de urânio empobrecido produz uma dose anual de radiação que corresponde a cerca de um terço da exposição natural à radiação.
No entanto, mesmo essa radiação a curta distância e durante um longo período de tempo pode danificar o material genético e causar câncer.
Além disso, há risco de contaminação pelo pó de urânio através do trato respiratório, da ingestão de alimentos e de feridas.
Como outros metais pesados, o urânio é quimicamente tóxico e pode causar sérios danos aos órgãos internos.
A questão do perigo a longo prazo é controversa entre os especialistasContinua após a publicidade.
No Iraque, houve um aumento significativo de relatos de deformidades, câncer e outros danos nas regiões onde munições de urânio foram utilizadas em grande escala.
Contudo, a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) dizem que não existe risco radiológico para a população por causa das munições de urânio.
Um parecer encomendado pela Comissão Europeia em 2010 também não vê “nenhuma evidência de riscos ambientais e para a saúde” decorrentes do urânio empobrecido.
Também não está claro até que ponto o solo e os lençóis freáticos podem ser contaminados por esses projéteis.
O Kremlin condenou veementemente o planejado fornecimento pelos EUA de munições de urânio à Ucrânia.Continua após a publicidade.
A embaixada russa em Washington fala de um “sinal claro de desumanidade”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alertou para um aumento nas taxas de câncer e outras doenças na Ucrânia, dizendo que a responsabilidade por isso “cabe inteiramente aos Estados Unidos”.
Os americanos não são os primeiros a fornecer munições com urânio à Ucrânia. Em março, o Reino Unido prometeu a Kiev munições desse tipo para os tanques de batalha Challenger 2foram prometidos.
Informações UOL