Por Frei Jorge Rocha, ofmcap
Foto: Confederação Brasileira de Vôlei
Wallace Souza é um dos jogadores de vôlei que mais recebeu recursos do Bolsa Atleta na última década. O oposto do Sada Cruzeiro já recebeu quase R$ 350 mil de um programa de governo.
Ele era, para mim, um símbolo da representatividade negra, da favela que venceu, do talento que extrapolou barreiras. Eu me via nele.
Ademais, o atleta era símbolo da superação, pois sofreu racismo muitas vezes, sendo chamado de macaco pela torcida adversária, o que gerou repúdio da comunidade e apoio ao atleta.
Um menino pobre que conseguiu avançar na vida por causa do seu talento, certamente, mas, também, porque alguém acreditou e investiu.
Analisando o acontecimento apenas pelo ponto de vista do fenômeno, eu me pergunto:
O que nos faz esquecer a nossa origem, os primeiros passos? A empáfia? A vergonha do começo? Certa mesmo está a minha avó que repetia: a ingratidão tira afeição e, por isso mesmo, apaga a memória!
Uma vez alcançada a fama, o atleta, como que sofrendo de um surto de memória, reproduz atitudes opressoras que achincalham a vida de outrem, com desdém e humor cinza. Parece que passou por um processo de embranquecimento que lhe autoriza a humilhar os iguais, os diferentes e, sobretudo, os que lhes ajudaram na primeira hora.
Oh, o ser humano: estranho mistério!
Prof. Frei Jorge Rocha, ofmcap.