Por Cláudio Magnavita
Quem pensava que o presidente Jair Bolsonaro estivesse morto e desidratado eleitoralmente, que seria capaz de ficar fora até do segundo turno em 2022, teve de enfiar a viola no saco.
O Capitão voltou, e voltou para valer. Conseguiu que o emblemático 7 de setembro, o 199º aniversário da Proclamação da Independência, fosse um reencontro nacional com as suas bases e com as ruas. Um fenômeno similar às massas que corriam para os aeroportos na sua fase pré-campanha presidencial.
Os massacres midiático e jurídico estavam fazendo a sua militância recolher as bandeiras e ficar acuada. O efeito das grandes manifestações deste 7 de setembro foi reacender o seu eleitorado e novamente reposicioná-lo como candidato do antissistema. É David novamente lutando contra Golias.
Em sua sapiência política, Bolsonaro materializou os inimigos. Personalizou em dois ministros da corte os seus ataques. Separou a instituição STF da atitude pessoal de dois dos seus membros, especialmente o que foi escolhido por seu antecessor Michel Temer e que insiste em ser a santíssima trindade do judiciário: vítima, o investigador e o juiz no caso da fakenews.
A diferença é que o Ministro Alexandre de Moraes não fica na retórica. Ele assina a ordem de prisão e manda prender. Enquanto isso, coleciona custodiados que são considerados os mártires do bolsonarismo.
A adesão popular de hoje corrói qualquer lógica ou cartilha política. A massa antipetista está se juntando a uma onda de órfãos do lavajatismo, fruto da impunidade de Lula. Foi o sistema da judicialização da política que libertou o ex-presidente.
O ativíssimos da cobertura política também merece registro. Houve a fusão cromática do vermelho da GloboNews com as bandeiras da esquerda. O canal de jornalismo da Globo parecia emissora cubana tentando considerar democráticas as faixas em defesa da ditadura do proletariado. Definitivamente, a emissora rompeu os laços do bom jornalismo que eram cultuados pelo Doutor Roberto Marinho.
Este 7 de setembro foi apenas o primeiro ato da rivalidade entre os Capuleto e os Montecchio. Na prática, Bolsonaro apresentou a sua arma principal, o visível apoio popular. Ganhou musculatura para os próximos rounds.
Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã