Durante esse período de pandemia, nós temos escutado várias posições de como enfrentar o vírus. Mas as que tem chamado a nossa atenção são as proferidas pelos políticos. Essas posições são para consumo do seu eleitorado, bem como para marcar posição na mídia amiga ou alfinetar adversários.
O presidente Jair Bolsonaro, que não tem meias palavras, dispara todos os dias várias frases que agradam os seus seguidores e fornecem munição para parte da imprensa e da esquerda, sobretudo quando se refere a Covid-19, caso ele venha a contrair a doença, classificando-a de “gripezinha” ou “resfriadinho”. Partindo desse pressuposto, ele menospreza o medo das pessoas diante de uma ameaça que se avizinha. Isso mexe com a sensibilidade da maioria da população já assustada pelo clima de terror implantado por boa parte da mídia. Mas Bolsonaro não parece se importar com isso e segue sua rotina da maneira que sempre foi, fiel à sua autenticidade. Goste ou não, essa é a maneira de ele ser. Quando ataca o isolamento horizontal, ele pensa nos efeitos devastadores que acontecerão na economia e na vida das pessoas. Essa opinião do presidente é defendida por milhões de brasileiros.
Já o governador Rui Costa, ferrenho defensor do isolamento horizontal e adversário mortal do presidente, também não é diferente dele, quando se refere à doença. Em seu programa “Papo Correria”, na última terça-feira (7), ele foi na mesma linha do presidente, quando diz que as pessoas que não estão de acordo com sua maneira de pensar só mudarão de opinião quando “um vizinho, colega de trabalho ou da escola, for atingido pela doença”. E acrescenta: “isso ajuda a conscientizar aquelas pessoas que ainda não estão atentas ou não dão o devido valor”.
Quando faz essas declarações, o governador parece torcer para que alguém próximo de você tenha a doença para confirmar a tese que ele defende. Isso assusta a população e mostra uma falta de sensibilidade diante do pânico das pessoas.
O que dizem o presidente e o governador é repetido por vários políticos de seus respectivos grupos políticos. Podem até não ter a intenção de querer o pior para que suas teses sejam confirmadas, porém é essa impressão que fica na população.
Portanto, não é o que se diz, e sim como se diz. Ou não o que diz, mas quem diz.
Por Joilton Freitas
Foto: Rotativo News