Por Prof. Dr. José Jorge Rocha
São conhecidos os ditos jornalistas que querem aparecer mais que a notícia. O que querem, na verdade, é alimentar a voracidade de leitores ávidos por sangue, mesmo que seja o sangue humano. São nutridos pela miséria alheia, por um passo de infortúnio que alguém tenha dado no passado, mesmo que tenha sido há 30 anos. Imediatamente, tais fatos, como por encanto de um F5, são atualizados como se tivessem acontecidos no dia de ontem.
São os partidários da deusa Éris que, na mitologia grega, era a deusa da discórdia. Filha dos reis do Olimpo Zeus e Hera. Éris é aquilo que são chamados pelos gregos de Daemones, ou seja, as “desgraças” para os romanos. Tomados pela inveja e pela incapacidade de crescimento, aos ditos jornalistas, só lhes resta destruir e separar, sobretudo, porque lhes faltam beleza e elegância, em sentido pleno, como faltavam à deusa Éris.
A deusa Éris está viva na “pessoa” de blogs que reverbera a desgraça alheia, ainda mais, quando a pessoa acusada, se encontra num leito de UTI, à beira da morte, sem o direito ao contraditório, sem o exercício da ampla defesa, mas com a pena máxima decretada pelos juízes plantonistas das redes sociais, sob a toga da deusa Éris. Ainda bem que tais blogs têm credibilidade duvidosa e âncoras de baixa escolaridade, exceto a sucursal da vênus platinada. Nossa reverência ao g1 Bahia!
A teia de envolvimento é tão ardilosa e catastrófica que não pode separar instituição e pessoa, classe trabalhista e indivíduo. A deusa Éris quer é “bagaceira”, quanto mais arrastar para o precipício será melhor, pois, assim, a desgraça é inteira. Eis o seu alimento, coisa de abutres, sem o qual morre de inanição por aquilo que os psiquiatras poderiam nominar como a “síndrome da notícia ruim”.
Estes são os profetas e profetizas da desgraça, travestidos de jornalistas que não têm compromisso com a verdade (aletheia), mas com o furor sensacionalista. Que a verdade, a seu tempo, apareça e restabeleça as relações e faça a devida justiça, inclusive para queles que brincaram com ela.
O bom jornalismo, sem minimizar a dureza da vida e dos fatos, não é aquele que pratica a servidão à deusa Éris, nem tampouco é aquele em que o jornalista aparece mais que a notícia. O bom jornalismo é um servidor de “Aletheia”, pois sem apuração da verdade, o jornalismo “é uma fofoca organizada”. O bom jornalismo é aquele capaz de dar boas notícias, de ativar a esperança. É aquele que se propõe a prestar um serviço à humanidade, sendo capaz de retecer relações espedaçadas, mediante o bom senso da notícia.
Rogério, espero e desejo que os seus algozes não sejam julgados por blogueiros abutres, com sentença de morte, através das mídias digitais, mas que sejam contemplados pelo Tribunal Divino, onde reina a misericórdia e a Verdade é transparente e imperativa. Lá, ninguém se esconde, pois é impossível condenar
um inocente ou absolver um culpado. Lá, a deusa Éris não reina com discórdia nem mentiras, pois como disse o grande pensador grego Epiteto: “a verdade vence por si mesma, mas a mentira precisa de cúmplices”.