O restaurante Nusr-Et, em Doha, famoso por vender carne folheada a ouro, tinha espera de cerca de meia hora ontem antes do jogo entre Brasil e Coreia, e suas mesas estavam lotadas de brasileiros. “Eu amo os brasileiros e os brasileiros me amam mais ainda”, dizia o chef Nusret Gökçe, desfilando entre uma mesa e outra. “Todos estão aproveitando. É um momento fantástico.”
Dividindo a cozinha do salão, uma vitrine exibia uma vasta variedade de legumes de um lado e, de outro, peças de carne crua, incluindo bifes Tomahawk (uma bisteca generosa) já revestidos de folhas de ouro. “A carne é muito boa, o ambiente é legal pra caramba”, afirmou um brasileiro que se apresentou como Wilson. “Vim porque queria comer uma carninha e não é todo lugar aqui no Qatar que você encontra.” Ele disse não ter comido o bife de ouro, mas afirmou que a versão mais simples que experimentou estava à altura das expectativas. “Acho que era de prata”, brincou.
Além de brasileiros, identificados com os uniformes da seleção, as mesas estavam ocupadas por muitos mexicanos. O ex-zagueiro Rafa Marques, um dos maiores jogadores de futebol a nascer no México, almoçava com amigos.
A rede turca de restaurantes é internacionalmente conhecida ao menos desde 2017, quando vídeos de Nusret Gökçe servindo os clientes de maneira muito particular viralizaram. Ontem, ele circulava pelas mesas jogando pitadas performáticas de sal grosso na carne e, às vezes, levando comida com a faca direto à boca das pessoas. A rede tem filiais outras cidades, como Londres, Nova York, Miami e Dubai.
No cardápio, o “bife otomano dourado”, folheado a ouro 24 quilates, sai pelo equivalente a R$ 3.335. Há outras opções mais em conta para quem quiser sentir o gosto de ouro na boca (apesar de ouro não ter gosto, segundo o próprio chef já admitiu): o hambúrguer dourado custa o equivalente a R$ 715 — fritas acompanha.
Localizado na parte externa de um hotel de luxo em Doha, o Nusr-Et se tornou o palco da mais recente controvérsia da seleção brasileira no Qatar. Na semana passada, Vinicius Jr, Eder Militão e Gabriel Jesus, convidados pelo ex-jogador Ronaldo, se deixaram filmar comendo o prato principal do cardápio. Críticos viram na cena uma ostentação de mau gosto diante da situação econômica da maior parte da população brasileira.
“Os jogadores vieram e ficaram extremamente felizes”, afirmou sobre a visita dos brasileiros o chef Nusret, provavelmente também feliz com a publicidade involuntária feita pelos atletas.
Informações UOL