O Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha deve encolher 0,4% em 2023 por causa da falta de gás e da crescente inflação no país, de acordo com um estudo do Instituto Alemão de Pesquisas Econômicas (IFO), divulgado nesta segunda-feira, 12. “Estamos entrando em uma recessão de inverno”, disse Timo Wollmershäuser, diretor doIFO.
O estudo prevê uma recessão técnica no primeiro trimestre de 2023, com queda de 0,4% no PIB, depois de uma queda de 0,2% no quarto trimestre de 2022. A inflação deve aumentar ainda mais, chegando a 11% no próximo ano, anunciou Wollmershäuser. Em agosto, a inflação anual na Alemanha chegou a 8,8%.
Nos países da Zona do Euro, a inflação tem batido sucessivos recordes desde o ano passado, como consequência das medidas de lockdown e, posteriormente, em razão da invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro. A partir de então, o governo russo tem diminuído o fornecimento de gás à Europa.
Em julho, o Nord Stream 1, o gasoduto que abastece a Europa com gás russo, começando pela Alemanha, reduziu o fornecimento para 20% da capacidade. No fim de agosto, a Rússia anunciou a interrupção por tempo indeterminado, alegando falhas técnicas do equipamento.
A Alemanha, que recebia 55% de seus suprimentos da Rússia antes da guerra, passou a comprar gás em outros outros mercados, a preços muito mais altos, o que impulsionou a inflação, não apenas no território alemão, mas em toda a Europa. E a tendência é de continuidade da alta. “Os fornecedores de energia vão ajustar significativamente os seus preços de eletricidade e gás, em particular no início de 2023”, estimou o IFO.
O presidente do banco central alemão, Joachim Nagel, considera “possível” que a Alemanha entre em recessão já no terceiro ou no quarto trimestre deste ano, e que permaneça com o crescimento negativo até o início do próximo ano, segundo afirmou em entrevista no domingo 11 à rádio alemã Deutschlandfunk.
Segundo o IFO, durante o primeiro trimestre de 2023, a taxa de inflação subirá para cerca de 11%, afetando severamente o poder de compra das famílias. Com o cenário de crise, o governo alemão adotou no início de setembro um terceiro plano de medidas para ajudar os mais pobres, mas isso não será capaz de compensar a perda esperada de poder de compra, segundo o IFO.
O relatório realizado pela equipe de Wollmershäuser somente prevê a volta da “normalidade” da situação a partir de 2024.
Informações Revista Oeste