Durou poucas horas a narrativa de que a “ButanVac”, mais nova jogada de marketing eleitoral de João Doria (PSDB) com dinheiro público, seria a primeira vacina 100% brasileira contra a covid19. Na verdade, a vacina foi desenvolvida por cientistas americanos na Escola de Medicina Icahn do Instituto Mount Sinai, em parceria com pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, conforme noticiou a Folha nesta sexta-feira (26).
Ao anunciar a suposta descoberta de sua “vacina 100% nacional”, Doria disse estar muito honrado, chegando a simular um choro para dizer que estava “muito emocionado”. O vídeo que mostra a patética cena foi postado nas redes sociais do governador de São Paulo.
A “certidão de nascimento” da nova vacina, com nacionalidade americana e tudo, é um estudo publicado ainda em 2020, em que o professor Peter Palese, diretor do centro de microbiologia do instituto descreve os resultados dos primeiros estudos com o novo imunizante.
Em email enviado à Folha, Palese confirmou a existência de um acordo para a realização de testes da vacina no Brasil e em outros países. “Sim, também temos um acordo com o Instituto Butantan para entrar em testes clínicos no Brasil usando nosso vetor de vacina NVD. Também estamos desenvolvendo vacinas para variantes da Covid-19 baseadas nas versões sul-africana e brasileira para o Instituto Butantan”, revelou Palese.
Algumas fontes disseram que Doria foi avisado de que o Ministério da Ciência e Tecnologia protocolou, às 13h23 do dia anterior, um pedido na Anvisa solicitando autorização para a realização de testes clínicos com um novo imunizante patrocinado pelo Governo Federal. Às pressas, Dória teria resolvido lançar um factóide na mídia. O Butantan só protocolou o seu pedido de testes mais de 24 horas depois.
Mais uma narrativa desmascarada. A mentira tem perna curta. Faltou “combinar com os russos”, nesse caso, com os americanos.
Informações: Portal Novo Norte