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Foto: Reprodução/Facebook/Arquivo

Ex-presidente do Patriotas em Salvador, Jean Sacramento, agora dirigente do Pros na Bahia, assegura que vida de dirigente partidário não é fácil e dá uma medida da insegurança jurídica em que se vive no país. Ele declara que irá trabalhar para eleger uma chapa ao governo do Estado em 2022 que una ACM Neto (DEM), José Ronaldo (DEM) e João Roma (PRB).

O fato de Neto e Roma não se falarem desde fevereiro, quando o republicano aceitou o cargo de ministro da Cidadania do governo Jair Bolsonaro, e vir sendo colocado, inclusive, como nome do presidente da República e de seus filhos para disputar o Palácio de Ondina contra o ex-prefeito de Salvador não é motivo para que o presidente do Pros desanime.

“Como dirigente estadual do Pros, terei que “ouvir e respeitar a maioria, até porque prezamos pela democracia e daremos vez e voz a todos que estiverem no partido”. O também ouvidor da Prefeitura de Salvador diz que, com as mudanças nas legislações eleitoral e partidária, a agremiação é a melhor para quem estiver no grupo, já que, segundo ele, não terá medalhões concorrendo.

“No Pros poderemos fazer o que nunca tivemos oportunidade de fazer em outros partidos, pois, além de defender os nossos ideais, queremos trabalhar pela alternância de poder e renovação dos quadros políticos”, declara. Ele confirma Roma pode assumir o Patriotas, como já antecipado com exclusividade por este Política Livre, mas nega que tenha saído em decorrência dessa especulação.

Confira principais trechos da entrevista:

Política Livre: O senhor praticamente montou o Patriotas em Salvador, conseguindo eleger vereadores. Agora, foi surpreendido com as negociações para o ingresso no partido do presidente da República. Não esperou para ver e mudou para o Pros. Dirigir um partido é viver em um “salve-se quem puder”?

Jean Sacramento: Eu digo e repito que toda honra e glória de ter feito três vereadores na capital é de Deus e do grupo de que faço parte e ao qual sou leal. Falo isso porque não é fácil montar um partido sem ter estrutura financeira partidária, centenas de cargos e outros benefícios – como muitos, aliás, que prometeram mundos e fundos e não lograram êxito. Com a ida do presidente Jair Bolsonaro para o Patriotas, nos foi prometido que não haveriam mudanças na linha ideológica em Salvador, e que seria autorizado até a formação do diretório municipal, o que nos daria segurança e tranquilidade para, eventualmente, continuar no grupo que ajudamos a eleger. Porém, isso não foi feito, e vieram as constantes notícias de que o partido seria tomado, a exemplo da comissão provisória estadual que teve a sua dissolução e foi dada a um assessor de um deputado. O nosso grupo preferiu partir para um projeto mais sólido e democrático no tocante à garantia de que todos tenham voz e de que participem das decisões. Então, dirigir partido é respeitar a decisão da maioria.

Como o senhor vê as mudanças que estão sendo propostas para a eleição de deputados nas próximas eleições?

As constantes mudanças nas legislações eleitoral e partidária nos levam a crer que haverá uma renovação muito grande na Assembleia e na Câmara Federal. O fim da coligação fará com que todos os partidos disputem entre os candidatos com menor potencial para que sirvam de base para reeleger quem já tem mandato nos partidos tidos como grandes. Porém, o que sinto é que ex-prefeitos e suplentes de deputados estão preferindo partidos menores e sem medalhões, onde eles possuam reais chances para se eleger ou, no mínimo, uma competitividade mais isonômica.

O Patriotas vai ser assumido mesmo pelo ministro João Roma?

Nacionalmente, no Patriotas é o que é falado, porém, o partido está com muitos problemas internos, e eu já não sei mais de nada que de fato irá acontecer. Só deixo claro que a minha saída não tem nada contra o ministro João Roma, pois sou um admirador dele. Além de ser muito grato ao ministro por tudo que ele me ajudou no período em que foi chefe de gabinete da gestão do ex-prefeito ACM Neto. Ele também sabe que eu o ajudei na eleição para deputado federal, pois vários suplentes ligados a mim em Salvador continuaram a apoiá-lo, mesmo depois que tive que retornar para apoiar o deputado Paulo Azi, que havia me orientado a apoiar João Roma em 2018, pois ele [Azi] já estava com a eleição tranquila no interior. Lembro que em 2016 levei João Roma até o escritório do Comércio com o ex-prefeito e líder político, Isaac Filho, que lançaria a atual prefeita de Nazaré, à época candidata, em busca de apoio. Então, se ficar na mão dele, estará em ótimas mãos.

Quais são os planos hoje para o Pros?

O grupo que veio para o Pros vai ter a real chance de colocar as suas ideias e projetos em prática. No Pros, poderemos fazer o que nunca tivemos oportunidade de fazer em outros partidos, pois, além de defender os nossos ideais, queremos trabalhar pela alternância de poder e renovação dos quadros políticos. E, para renovar, já começamos mudando a Executiva estadual, que não terá ninguém de mandato e, com isso, evitaremos privilégios na divisão do tempo de TV e do fundo eleitoral. Também estabelecemos critérios para não aceitar candidatos que tenham tido mais de 60 mil votos para federal e 30 mil para estadual nas eleições de 2018. E podemos abaixar esses tetos. Vamos aceitar candidatos que realmente pensem em se eleger, pois não vou entrar na disputa para ficar oferecendo mundos e fundos para quem quer disputar com quem já tem mais de 80 mil votos nesses partidos grandes ou que já tem seus escolhidos. Se Deus quiser e com fé em Deus, o Pros será a oportunidade para quem quer, no mínimo, ter uma real chance de disputar e se eleger com 20 mil a 30 mil votos para deputado estadual e 40 mil a 60 mil votos para deputado federal. Se vamos fazer zero, um, dois, três ou mais, aí só Deus sabe, mas o que sabemos é que quem estiver no grupo terá muito mais chances disputando com iguais.

O deputado federal Uldurico Júnior fica no partido?

O deputado Uldurico Júnior já estava no partido e eu não nego que depois de ter uma base sólida que já garanta eleger um e meio, ter um deputado forte para garantir no mínimo outra vaga ao partido é muito melhor do que fazer apenas um ou nenhum, como aconteceu com alguns partidos na eleição passada. Temos que trabalhar para fazermos, no mínimo, dois federais e três estaduais, e assim termos um grupo forte e com espaços políticos para os que não forem eleitos. Sei da relação dele com o senador Jaques Wagner, porém não vejo partido mais fácil para se eleger do que o Pros. E, sendo realista, essa eleição será muito difícil, pois não existe coligação, e não dá para inventar candidatos com muitos votos. Os partidos poderão até lançar centenas de candidatos que vão ter entre cem e mil votos, porém isso não dá para ajudar a reeleger nos partidos que já possuem dois ou três de mandatos.

Nós vimos recentemente também o senhor conversando com o ex-deputado Benito Gama. Alguma possibilidade de ele ingressar na legenda?

Fiz um convite ao ex-deputado Benito e sua filha Taíssa [Gama] para ingressarem no Pros Bahia e nos ajudar com a sua experiência, sensatez e competência. Taíssa terá papel fundamental na formação do Pros Mulher pela Bahia, pois é inteligente, trabalhadora e cumpridora de palavra, assim como o ex-deputado Benito pode ser o nome do partido para espaços nacionais. Queremos renovar, mas queremos renovar para melhor, então, ele pode nos ensinar muito. É salutar dizer que o convite foi feito a ele e a outros que tiveram menos de 40 mil votos na eleição passada, porém, além do critério do voto, vamos analisar o compromisso deles com o grupo. O teto limite é de 60 mil votos, porém, até agora, só chamamos quem teve menos de 40 mil votos, pois insisto na tentativa de montar um partido competitivo e mais justo.

O vereador Átila do Congo foi eleito pelo Patriotas, mas já era apontado como um representante mais forte do presidente da Câmara do que da legenda. Ele o acompanha?

Os três vereadores do Patriotas são muito fortes e isso pudemos ver pela votação de cada um deles. Eu sugeri que eles consultem o TRE Bahia para terem respaldo jurídico para saírem do partido. A minirreforma eleitoral de 2015 prevê desfiliação partidária sem perda de mandato somente em três circunstâncias: caso se comprove uma grave discriminação, ou na janela eleitoral, que são nos 30 dias que antecedem o prazo de filiação do ano eleitoral que termina o mandado, ou em caso de mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário. Caso a Justiça permita isso, os três poderão ir para qualquer partido. Mas não nego que sou amigo deles e que seria um prazer contar com eles na construção desse novo projeto de grupo e renovação.

O Pros fica com ACM Neto para o Governo do Estado?

Já disse e não nego a minha gratidão aos ex-prefeitos ACM Neto e José Ronaldo de Carvalho. E, se depender de mim, eu trabalharei para eleger uma chapa com Neto, José Ronaldo e João Roma, mas, como presidente estadual do Pros, eu tenho que ouvir e respeitar a maioria, até porque eu prezo pela democracia e darei vez e voz a todos que estiverem no partido. Então, mais uma vez, só posso trabalhar muito e pedir a Deus que, em 2022, possamos ter um ano sem pandemia, com todos vacinados e com muitos empregos para que a nossa população possa viver com dignidade e sem precisar se humilhar para receber o que já deveria ser seu por direito.

Informações Política Livre

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