CNN – Uma das maiores tristezas das pessoas boêmias durante essa pandemia foi o fechamento dos bares. Com a quarentena, ficar à toa na rua com os amigos e tomando uma cerveja ou um drinque virou um cenário muito distante. Se está ruim para os consumidores, imagina para as empresas de bebidas.
Não por acaso, as companhias começaram a se mexer para não perder tanta receita nesse momento: vendas pela internet e aplicativos viraram uma salvação.
No caso da britânica Diageo, a maior fabricante de bebidas do mundo, dona de marcas como o uísque Johnnie Walker, a cerveja Guiness, o gim Tanqueray, as vendas aceleraram muito nesse setor. Obviamente, a base era pequena. O comércio eletrônico, que representava 3% a 4% do faturamento, mais do que dobrou de tamanho – e antecipou planos da empresa. Se antes, a expectativa era de que o e-commerce representaria 25% das vendas até 2030, essa conta foi adiantada em cinco anos.
E algumas bebidas se destacaram nesse momento de pandemia, segundo Alberto Gavazzi, presidente da Diageo para a América Latina. O gim continua sendo o carro chefe em crescimento – pelo visto, as pessoas não abandonaram o gosto pelo gim tônica em suas casas. No primeiro semestre do ano fiscal (julho a dezembro de 2019), o gim Tanqueray foi o que mais apresentou crescimento entre as marcas da companhia 13% e a tendência segue sendo de alta.
Porém, uma surpresa, na visão de Gavazzi, foi o crescimento do licor irlandês Baileys. “Vimos que as pessoas começaram a gostar de consumir o que chamamos de “comfort food” (que desperta o bem estar) e é exatamente nessa categoria que Baileys se encontra”, diz ele.
Evidentemente, o avanço virtual não foi suficiente para conter as perdas. Gavazzi não comenta qual foi o tamanho da queda nas vendas por ser uma empresa de capital aberto. Mas uma estimativa da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) aponta que, entre abril e agosto, o setor deve ter uma perda de 50% no faturamento.
Para completar o ocaso da Diageo, o dólar segue acima dos R$ 5 e isso impacta diretamente nos preços das bebidas da Diageo, a maior parte delas importada. Como tem um nível de estoque muito baixo, o impacto do aumento do câmbio é quase que imediato. Então, para não assustar o consumidor de uma hora para a outra, a Diageo absorve um pouco do aumento do preço, o que afeta diretamente a sua margem. O aumento dos preços, no entanto, virá no futuro.