Os sindicatos que representam professores e servidores técnico-administrativos das universidades e institutos federais anunciaram que a greve continua.
Ao menos nove universidades federais devem aderir à paralisação na próxima semana, afirmou Gustavo Seferian, presidente do Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior). A Unifesp, em São Paulo, é uma das instituições, além da Ufal, em Alagoas, e a UFBA, na Bahia.
Já o número de campi dos institutos federais parados chegou a 550 no início da tarde desta sexta (26). Segundo David Lobão, coordenador nacional do Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica), no total existem 687 campi espalhados pelo país.
Aumento de instituições paradas ocorre após o movimento grevista rejeitar a proposta do governo Lula (PT). Representantes do MEC(Ministério da Educação) e da pasta de Gestão e Inovação apresentaram, na semana passada, uma proposta de 9% de reajuste aos professores e 9,5% aos servidores em 2025 — mantendo assim em 0% o aumento para esse ano. Para 2026, seriam 3,5% para ambas as categorias.
Categorias definiram a reunião com o governo como “decepcionante”. “A proposta foi tão ofensiva às nossas expectativas que ocorreu um crescimento da greve, vários campi que não tinham aderido agora aderiram”, disse Lobão, que também é professor de matemática do IFPB (Instituto Federal da Paraíba).
A Andifes (associação que reúne os reitores das universidades federais) afirmou à reportagem que 22 instituições estão em greve no momento. Outras 12 estão com indicativo para paralisação aprovado e 16 já decidiram que não vão aderir. Em 17 universidades ainda haverá assembleia para decidir sobre o movimento, afirma o grupo.
O UOL procurou o MEC, que disse ter encaminhado os questionamentos ao MGI (Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos). Não houve respostas até a publicação deste texto.
A greve teve início em 2 de abril por parte dos professores, mas ganhou força em 15 de abril. A categoria técnico-administrativa começou a paralisação no mês passado, em 18 de março.
A educação é dita nos discursos do governo como algo que é prioridade, mas colocam muitas dificuldades para atender nossas reivindicações.
David Lobão, coordenador nacional do Sinasefe
O zero para 2024 segue sendo um acinte à categoria, ainda que tenhamos percebido que a mobilização grevista em uma crescente massiva tenha feito o governo se movimentar em sua inflexibilidade na lida com o orçamento, abocanhado pelo rentismo.
Gustavo Seferian, presidente do Andes e professor da UFMG
Os professores reivindicam reajuste salarial de 22% dividido pelos próximos três anos — 7,06% em cada, começando em 2024. Já os servidores técnico-administrativos pedem por um aumento de 34%, também dividido no mesmo período de tempo.
As categorias também pedem reestruturação da carreira e um “revogaço” de leis dos últimos governos. Segundo o presidente do Andes, o governo não deu atenção a reorganização de carreira e deixou “escanteados os aposentados e aposentadas, que não vão ter qualquer espécie de acrescimento na sua renda nesse ano”.
Os servidores também pedem a recomposição do orçamento de investimento na rede federal de ensino. No primeiro ano do governo Lula, as instituições tiveram um aumento no orçamento comparado a 2022, mas este ano a verba minguou — as instituições afirmam que precisam de R$ 2,5 bilhões a mais nas contas para fecharem o ano.
Segundo a reportagem apurou, o tema não avançou nas negociações do governo com os movimentos grevistas.
Informações UOL