Ex-deputado estadual e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, o delatado fez campanha para Dilma, tem fotos com Eduardo Paes e já foi preso
O ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, fechou acordo de delação premiada. No acerto com as autoridades, que foi divulgado nesta semana, ele delatou o ex-deputado estadual pelo Rio de Janeiro Domingos Brazão como mandante do crime.
Sempre filiado ao MDB/PMDB, Brazão foi eleito deputado por cinco mandatos consecutivos. A estreia dele na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) ocorreu em 1999, depois de ir bem na eleição realizada no ano anterior. Ele deixou a função parlamentar somente em abril de 2015, quando assumiu o cargo vitalício de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ).
Então vereadora carioca pelo Psol, Marielle Franco foi assassinada na noite de 14 de março de 2018. Na ocasião, Ronnie Lessa efetuou disparos contra o carro em que a psolista estava. Além dela, o motorista Anderson Gomes morreu.
Diante da informação a respeito da acusação por parte de Lessa, o advogado Márcio Palma, que representa Brazão, afirmou que não tomou conhecimento da delação premiada. Segundo o site do jornal Estado de Minas, Palma afirmou que só está sabendo do caso pela imprensa e que o seu pedido de acesso aos autos do processo foi negado pela Justiça.
Apesar de informações do site The Intercept Brasil darem como certo o acordo de Lessa com a Polícia Federal, a delação premiada precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.
Essa não é a primeira vez que o nome de Brazão é ligada ao caso Marielle. Em setembro de 2019, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou denúncia criminal contra o já conselheiro do TCE-RJ e outras quatro pessoas. De acordo com ela, seria preciso “apurar indícios de autoria intelectual” de Brazão no duplo homicídio.
Não é somente o caso que envolve o assassinato de Marielle Franco que faz Domingos Brazão ter vez no noticiário policial. Em março de 2017, ele foi preso ao ser alvo da Operação Quinto de Ouro, um dos desdobramentos da Lava Jato. Na ocasião, a acusação que recaía sobre ele — e outros conselheiros do TCE-RJ — era sobre suposto recebimento de propina. Brazão foi solto posteriormente.
Por causa da operação policial, Brazão ficou afastado de sua função no tribunal por 53 meses. Voltou à ativa em outubro e 2021, por determinação do ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal. Detalhe: recebeu R$ 2 milhões durante o período em que esteve afastado.
Antes de se tornar conselheiro vitalício do TCE-RJ, Domingos Brazão deixou o Poder Legislativo como milionário. Em 2014, ele declarou à Justiça Eleitoral ter R$ 11,4 milhões em total de bens.
Enquanto político, Domingos Brazão acumulou relação com o PT e seus aliados. Em 2010, por exemplo, fez campanha para a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. Também há registros dele ao lado do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes — que hoje está no PSD, mas chegou ao Executivo carioca pela primeira vez, em 2009, quando integrava o MDB/PMDB, mesmo partido de Brazão.
Nesta segunda-feira, 23, o influenciador digital Ed Raposo resgatou imagens de Brazão militando em favor de Dilma e abraçando Paes.
Informações Revista Oeste