ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Bahia

Taxa de desemprego na Bahia cai para 9,7% no 3º trimestre de 2024

Outros seis estados acompanharam o movimento de descenso no indicador Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil A redução da taxa de desemprego...
Read More
Mundo

‘Cidadão Musk’: bilionário estampa capa da próxima edição da revista Time

Capa da revista 'Time' mostra as realizações de Elon Musk — Foto: Ian Caldas/GloboNews/Reprodução O bilionário Elon Musk estampa a próxima edição...
Read More
Mundo

Que impacto terá para Netanyahu o mandado de prisão emitido pelo TPI?

Netanyahu discursa na Assembleia Geral da ONU, em 27 de setembro de 2024 — Foto: Reuters/Mike Segar/File Photo Os mandados...
Read More
Política

Bolsonaro negou pedido de general para botar ministro a favor de golpe

General pediu a Bolsonaro que mudasse o ministro da Defesa, na tentativa de viabilizar um golpe de Estado; veja mensagens...
Read More
Outros

Veja os papeis que a PF atribuiu nas investigações até agora sobre os 37 indiciados por golpe de Estado

A Polícia Federal indiciou nesta quinta-feira (21) 37 pessoas por envolvimento na trama golpista que tentou impedir o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da...
Read More
Bahia

Grandes atrações marcam o aniversário de Anguera

Comemorando os 63 anos do município de Anguera, as noites dos dias 19 e 20 de novembro foram marcadas por...
Read More
Polícia

Homem em situação de rua é morto a tiros em Feira de Santana

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade Na manhã desta quinta-feira (21), um homem ainda não identificado, foi assassinado a tiros na rua...
Read More
Feira de Santana

Câmara deve votar ainda este ano projeto de reajuste salarial para os vereadores; salários podem chegar a 26 mil

A Câmara Municipal de Feira de Santana deve votar ainda este ano o projeto de reajuste salarial para os vereadores,...
Read More
Outros

Blitz educativa alerta população no combate à dengue

Foto: Thiago Paixão Com o objetivo de ampliar o combate à dengue e conscientizar a população sobre os cuidados necessários...
Read More
Famosos

80 milhões de dólares: o preço da separação de Meghan e Harry

Desde que o príncipe Harry e Meghan Markle anunciaram sua saída da família real britânica, suas vidas passaram por uma série de...
Read More
{"dots":"false","arrows":"true","autoplay":"true","autoplay_interval":3000,"speed":600,"loop":"true","design":"design-2"}

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Profissionais do sexo —ou pessoas na prostituição— devem ter direitos trabalhistasiguais aos de outros prestadores de serviço? Ou esse serviço nem deveria existir?

Há pelo menos 20 anos a regulamentação da atividade no Brasil gera controvérsias — por enquanto, vence o lado que se opõe à criação de regras para o setor.

A divisão começa pelo nome que se dá ao ato de oferecer sexo em troca de dinheiro. Prostituição, o nome mais popular, é rejeitado por quem defende a regulamentação da prática. Estaria, segundo estes, carregado de estigmas — portanto, em desuso.

Trabalho sexual, termo escolhido pelos favoráveis à regulamentação, encontra resistência entre abolicionistas, como são chamadas as pessoas que lutam pela abolição da atividade — daí o nome. O principal argumento contra o uso do termo é que, na avaliação de seus críticos, funcionaria como eufemismo — e trataria por trabalho o que, para eles, é exploração.

No Brasil, o trabalho sexual —ou prostituição— não é crime, mas o chamado favorecimento da prática, sim. Quem se beneficia financeiramente da atividade executada por outra pessoa pode ser condenado a até oito anos de prisão.

“Degradação moral”

Em 2003, o então deputado federal Fernando Gabeira apresentou um projeto de lei para legalizar o serviço — desde 2002, “profissional do sexo” consta da lista de ocupações do Ministério do Trabalho. O projeto foi arquivado. Na ocasião, o então deputado federal Paulo Maluf classificou a proposta como “uma degradação moral”.

Nove anos depois, Jean Wyllys —à época, deputado federal— apresentou novo projeto de lei, em sintonia com a proposta de Gabeira. Escreveu no texto da proposta que seu objetivo era “permitir aos profissionais do sexo o acesso à saúde, ao direito do trabalho, à segurança pública e, principalmente, à dignidade humana”.

Batizou o projeto como Gabriela Leite, nome da ativista, profissional do setor e autora do livro “Filha, mãe, avó e puta” (Objetiva, 2009). Gabriela morreu no ano seguinte, 2012, sem ver sua profissão regulamentada – o projeto de Wyllys teve o mesmo destino do de Gabeira. Foi arquivado.

Tanto Gabeira quanto Wyllys inspiraram-se no exemplo da Alemanha, onde a atividade é regulamentada desde 2002, para elaborar seus projetos de lei.

Aceitação do corpo

A escritora Monique Prada, autora do livro “Putafeminista” (Veneta, 2018), ingressou no mercado informal do trabalho sexual aos 19 anos, numa fase de “muita dificuldade financeira”, como relata a Universa. Ela atuou na fundação da Central Única de Trabalhadoras e Trabalhadores Sexuais e participa da Articulação Nacional de Profissionais do Sexo — é, portanto, uma ativista da regulamentação do setor.

“O reconhecimento formal é necessário para que a classe exista para além do Código Penal ou das questões de saúde genital”, afirma. Monique chegou a passar um tempo afastada do serviço, mas retornou segura do “potencial terapêutico” do trabalho sexual, como escreveu em um post do Instagram (@eumoniqueprada) ao mencionar as conversas ocorridas entre clientes e profissionais.

Monique Prada - Luiz Ferreira - Luiz Ferreira
Monique PradaImagem: Luiz Ferreira

“Nosso trabalho vai muito além do puramente sexual”, argumenta. No post, Monique também revela que, em um primeiro momento, a atividade -aliada à “pressão estética violentíssima da sociedade”—a levou a desenvolver distúrbios alimentares. Depois, ocorreu o contrário. “O trabalho sexual se tornou um caminho de aceitação do meu corpo, em especial conforme fui amadurecendo. Nunca me senti tão bem dentro desse corpo, independente de peso e idade”.

Há, na avaliação das defensoras da regulamentação, machismo envolvido no lado oposto. “O trabalhador sexual masculino não incomoda ninguém. Já quando duas ou mais mulheres alugam um espaço para trabalhar, o local é rotulado como prostíbulo, e a pessoa responsável pelo aluguel como cafetina ou exploradora”, queixa-se Juma Santos, coordenadora da Rede de Redução de Danos e Profissionais do Sexo Tulipas do Cerrado, de Brasília.

Ser trabalhadora sexual no Brasil não é proibido, mas tudo o que está no entorno dessa profissão é criminalizado noneJuma Santos

Argumento derrotista

A ativista Aline Rossi integra a Assembleia Feminista de Lisboa —ela é brasileira— e já foi defensora da regulamentação da atividade por pensar que “a prostituição não ia desaparecer e as pessoas precisam de direitos para sair da marginalidade”. Hoje, pensa diferente. É uma das defensoras mais expressivas do fim da atividade entre as feministas de língua portuguesa.

O argumento de que a “prostituição nunca acabará”, avalia, “é uma narrativa extremamente derrotista”. “Podíamos falar o mesmo sobre o trabalho escravo — que, aliás, não desapareceu, mas nem por isso deixamos de ser abolicionistas nesse tema”, afirma.

Ela analisa que o problema da prostituição nunca foi a falta de direitos trabalhistas, mas a violência masculina. Lembra que mulheres são espancadas, assaltadas, estupradas ou mortas pelos clientes.

Para ela, há uma idealização do perfil das mulheres que atuam na área — reforçado, nos últimos tempos, por plataformas como o OnlyFans.

A idealização está ligada à ideia de que, independente das próprias aspirações de vida, a mulher quer servir ao homem sexualmente noneAline Rossi

A psicóloga Natália Marques, professora do mestrado profissional de psicologia e políticas públicas da Universidade Federal do Ceará (UFC), avalia ser necessário considerar o perfil das mulheres que estão no ramo: “A maioria é formada por pretas e pobres”, diz. Trata-se, segundo ela, de uma exploração —visando o lucro— a qual são submetidas parcelas vulneráveis da população. “É preciso fortalecer medidas de assistência social para que essa população não precise recorrer à prostituição”, afirma.

Escolhas

Para Monique Prada, há um ponto a ser considerado pelas abolicionistas: “Elas negam a condição de trabalhadoras de um grupo imenso de mulheres —em sua maioria, escapando da miséria, em alguns casos fugindo de seus países— sob o argumento de que nossas escolhas foram condicionadas pela necessidade”, afirma. “Numa sociedade capitalista, todas as escolhas são por necessidade”.

A despeito da controvérsia, feministas com diferentes opiniões a respeito do tema concordam com a necessidade de discuti-lo. E, como propõe Natália Marques, procurar construir uma sociedade com mais tolerância sexual — assim, prevê, haveria menos gente recorrendo à prostituição. Ou ao trabalho sexual.

Informações Universa UOL

Comente pelo facebook:
Comente pelo Blog: