Nas redes sociais, a inseminação caseira tem ganhado popularidade por ser uma alternativa mais econômica ao procedimento realizado em clínicas especializadas. No entanto, especialistas alertam para os inúmeros riscos associados à técnica, que podem comprometer a saúde da mulher e do futuro bebê.
A ginecologista Bárbara Freyre, da Clínica Trinitá, em Brasília, explica que a inseminação caseiraconsiste na coleta do sêmen, seja de um parceiro, seja de um doador, que é inserido diretamente no colo do útero por meio de um cateter.
“O principal problema é a possibilidade de transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), já que o sêmen não passa pelos testes e análises adequados”, aponta.
Outro risco é o de doenças ginecológicas causadas por materiais não esterilizados ou manipulados de forma inadequada. “Isso pode provocar, por exemplo, a doença inflamatória pélvica (Dipa), que é uma inflamação grave no sistema reprodutor feminino. Sem orientação médica, a mulher também não é informada sobre os riscos, taxas de sucesso ou complicações que podem surgir”, complementa Bárbara.
O ginecologista e obstetra Rodrigo Rosa, diretor da clínica Mater Prime, em São Paulo, ressalta que o uso de instrumentos por pessoas sem conhecimento técnico pode causar sérios problemas.
“Seringas e espéculos usados de forma inadequada podem gerar lesões e infecções por fungos ou bactérias, além de aumentarem os riscos de complicações como ferimentos internos”, afirma.
Ele ainda alerta que, mesmo se o doador realizar exames para detectar ISTs, o risco não é totalmente eliminado. “Algumas doenças possuem uma janela imunológica maior para serem detectadas, como HIV e hepatites, o que mantém a possibilidade de contágio. Além disso, o sêmen pode conter alterações genéticas que passam despercebidas, afetando a saúde do futuro bebê”, completa.
Além das questões de saúde, a inseminação artificial caseira apresenta uma baixa taxa de sucesso, especialmente em mulheres com condições como endometriose avançada ou idade acima dos 40 anos.
“Nesses casos, as chances de engravidar por métodos caseiros são mínimas ou inexistentes. E quando o procedimento falha, todo o processo precisa ser repetido, o que eleva os riscos”, explica Rosa.
Outro desafio relevante são as implicações jurídicas. “A prática não é regulamentada no Brasil, o que pode dificultar o registro da criança, especialmente em casais homoafetivos femininos. Além disso, há o risco de o doador reivindicar a paternidade futuramente, gerando transtornos legais para a mãe”, alerta o especialista.
Para evitar complicações, o médico ginecologista Fernando Prado, diretor clínico da Neo Vita, reforça que a melhor opção para quem busca uma gravidez independente é procurar clínicas especializadas em reprodução assistida.
“A inseminação intrauterina, por exemplo, é um procedimento seguro e eficaz. Nele, os espermatozoides passam por um preparo, e os melhores são selecionados e introduzidos no útero da paciente com o auxílio de um cateter”, explica.
Prado esclarece que existem diferentes tratamentos disponíveis, como a fertilização in vitro (FIV), que podem ser adaptados às necessidades de cada caso.
“Com os avanços da medicina reprodutiva, é possível oferecer opções seguras e personalizadas para ajudar as pessoas a realizar o sonho de ter filhos”, finaliza o especialista.
Informações Metrópoles