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Nelson Almeida

No domingo (25), durante um ato na Avenida Paulista, o ex-presidente Jair Bolsonaro reuniu aliados, incluindo os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás) e Romeu Zema (Minas Gerais), demonstrando sua força política. Esses aliados, que já têm olhos voltados para as eleições de 2026, provavelmente contarão com o apoio de Bolsonaro, mesmo que ele próprio não possa concorrer, pois está inelegível até 2030.

Enfrentando investigações em curso na Polícia Federal, Bolsonaro convocou seus apoiadores para uma “demonstração de força”, mesmo com a possibilidade de ser implicado nos inquéritos, conforme afirmam os investigadores. Os seguidores bolsonaristas responderam à convocação, lotando a Avenida Paulista no domingo e indicando um comprometimento contínuo com o ex-presidente.

A partir de agora, Bolsonaro utilizará esses sinais de apoio para decidir qual candidato de direita apoiará em 2026 na corrida pelo Palácio do Planalto. Um dos critérios será observar quem está ao seu lado neste momento crucial, quando as investigações começam a se intensificar.

No caso dos governadores Caiado e Zema, ambos no segundo mandato, têm planos de concorrer à presidência em 2026, enquanto Tarcísio, ainda no primeiro mandato, precisará ponderar se vale a pena deixar o cargo para ingressar na disputa presidencial.

Ministros do STF e investigadores, consultados pelo G1, concordam que Bolsonaro demonstrou efetivamente sua força, embora apontem que o ato foi organizado em resposta às investigações que agora colocam o ex-presidente no centro do debate sobre a tentativa de golpe.

“Até então, o que existia era um presidente estimulando seus aliados e apoiadores a defenderem um golpe. Agora, as investigações mostram que ele não só estimulou, mas também participou, é um outro cenário”, diz um ministro do Supremo.

Fala em ato pode ir para inquérito

A Polícia Federal (PF) está planejando adicionar à investigação sobre uma suposta organização de golpe de Estado a declaração feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante um evento na Avenida Paulista no domingo (25). No seu discurso, Bolsonaro refutou as acusações relacionadas à alegada tentativa de golpe de Estado. De acordo com os delegados responsáveis pelo caso, ao fazer essa declaração, o ex-presidente está, de fato, confirmando que tinha conhecimento da existência da “minuta do golpe”, que foi encontrada na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Essa minuta propunha a declaração do Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições de 2022.

“Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Golpe usando a Constituição. Deixo claro que estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não. Apesar de não ser golpe o estado de sítio, não foi convocado ninguém dos conselhos da República e da Defesa para se tramar ou para se botar no papel a proposta do decreto do estado de sítio”.

Em 8 de fevereiro, Bolsonaro foi alvo da operação da PF Tempus Veritatis e teve de entregar seu passaporte. A ação mirou também outros aliados do ex-presidente, suspeitos de planejarem golpe de Estado para mantê-lo na Presidência.

O ex-presidente foi à PF para prestar esclarecimentos sobre o caso à agentes da corporação –mas se manteve em silêncio. No domingo (25), Bolsonaro realizou o 1º ato depois da deflagração da Tempus Veritatis. Ele não mencionou o ministro Alexandre Moraes, do STF.

Planalto: “Ato demonstra força sem efeito”

O governo liderado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) analisa que a recente manifestação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, em São Paulo, evidenciou a força da oposição, porém, sem impactos práticos ou eleitorais significativos. De acordo com membros do primeiro escalão do governo de Lula, a base de eleitores bolsonaristas não teria aumentado desde a derrota de 2022. O otimismo petista reside na perspectiva de melhorias econômicas para conquistar votos além do seu círculo militante.

Apesar de nos bastidores afirmarem que nada substancial mudou, a administração de Lula reconhece que o evento representou uma exibição pública de força por parte de Bolsonaro. Contudo, eles acreditam que o impacto da manifestação se limitará ao âmbito retórico.

Em uma entrevista concedida a jornalistas após um evento no Palácio do Planalto na segunda-feira (26), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, seguiu a mesma linha, enfatizando que não houve surpresa quanto ao amplo apelo de Bolsonaro.

Na perspectiva dos governistas, o evento serviu para reavivar o entusiasmo do bolsonarismo, especialmente visando as eleições municipais. Lula já expressou a visão de que o pleito será uma nova disputa direta entre os dois líderes políticos.

Com informações de Tribuna do Norte

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