Lembra do filme “De Repente 30”, dos anos 2000? Ao mostrar como é ser um adulto dessa idade, ele só esqueceu das mudanças —e declínios— na saúde. “Você atinge o pico de sua potencialidade nessa idade (aos 30) e começa a descer, mas dá para se manter no pico esperado”, informa Natan Chehter, geriatra da BP – Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Segundo o médico, assim como outros entrevistados por VivaBem, embora o envelhecimento seja irreversível, é possível adentrar sua porta, por assim dizer, com o pé direito.
Isso significa, antes que doenças comecem a aparecer, manter uma dieta equilibrada, evitar o sedentarismo, bem como a exposição ao sol sem cuidados e o cigarro e álcool, e rastrear e tratar problemas.
“Quanto antes as mudanças ocorrerem, melhor”, complementa Chehter. A seguir, veja os principais processos de perdas à saúde que se iniciam aos 30 anos, mas podem ser freados.
“O pico da massa óssea em homens e mulheres ocorre por volta dos 30 anos, depois começa a ter redução”, informa Paulo Camiz, geriatra e professor de clínica geral do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Gradual, esse declínio é de 0,3% a 0,5% ao ano, podendo ser maior e precoce havendo deficiência de vitamina D e cálcio.
A partir da terceira década, os músculos, até então em pleno vigor, também entram na fase de sarcopenia, ou seja, de perda de massa e função, explica Fabrício Buzatto, médico do esporte e fisiatra do Hospital das Clínicas da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo). “Por década, essa redução —inclusive de força e mobilidade— pode ser de até 10%, sobretudo em sedentários.”
Com o início da redução de massa muscular e ainda de hormônios, o metabolismo começa a desacelerar, resultando em dificuldade para queimar calorias e até voltar ao peso de antes de uma gravidez.
“É preciso treinar com mais empenho, rever dieta e se atentar a problemas que podem surgir, como pressão alta, síndrome metabólica, doenças da tireoide”, informa Maria Fernanda Barca, endocrinologista pela Faculdade de Medicina da USP.
Aproximadamente 37% dos homens ficam calvos até os 35 anos e, entre as mulheres, até os 30 anos, algumas já perderam cerca de 30% dos fios. Alterações hormonais, histórico familiar de calvície, síndrome dos ovários policísticos, doenças da tireoide, estresse, tudo isso conta como fator para os fios afinarem e perderem volume. Sem falar no surgimento dos brancos.
São afetados trânsito alimentar, química da digestão e função motora gastrointestinal. “Por volta dos 35 anos, pode surgir diverticulose, uma fraqueza da parede do intestino grosso. A constipação também aumenta, nelas sobretudo após a maternidade, com o enfraquecimento pélvico”, aponta Vanessa Prado, cirurgiã do aparelho digestivo do Hospital Nove de Julho (SP).
Aos 30 anos, começam a aparecer as consequências da falta de cuidados com a pele quando mais jovem, como tomar sol sem protetor, dormir pouco e consumir muito álcool e cigarro. As primeiras rugas e manchas, que são comuns nessa idade, são finas e claras, mas podem ficar acentuadas, bem como pés de galinha, olheiras e linhas de expressão no rosto e na testa.
Os índices de testosterona, principal hormônio masculino, começam a cair, podendo essa ser uma das causas da redução da libido masculina e disfunção erétil, e na faixa dos 40 aos 70 anos essa perda pode ser de até 0,8% ao ano. Para as mulheres, carreira, filhos pequenos e mudanças hormonais, inclusive durante a amamentação, também podem boicotar o desejo.
A redução da altura pode começar aos 30 anos, mas o processo é tão lento que a diferença só passa a ser notada por volta dos 40 ou 45 anos, e fica de fato evidente a partir dos 60 anos. Depois dos 80, tanto homens quanto mulheres podem reduzir mais 2,5 cm de altura. Estudos indicam que ao longo da vida adulta nós encolhemos, em média, cerca de 0,1 cm por ano.
Julio Barbosa, médico pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e neurocirurgião, diz que a cognição também sofre reduções. “Progressivamente, o raciocínio torna-se um pouco mais lento, mas sem afetar a funcionalidade”. Além disso, já há algum tempo, pesquisadores anunciaram que memória, habilidades e visualização espacial também começam a declinar perto dos 30 anos.
Quase um bilhão de adultos, a partir dos 30 anos, sofre com apneia do sono, segundo o periódico científico The Lancet. Porém, como a maioria não busca ajuda, de 30% a 50%, segundo Caio Bonadio, psiquiatra pela Santa Casa de São Paulo e especialista em medicina do sono, acabam apresentando insônia e estão sujeitos a hipertensão, insuficiência cardíaca e diabetes.
Informações Viva Bem UOL