Médica declarou que era “impossível” prever escassez do insumo
Em depoimento à CPI da Covid, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, disse que não soube de problemas de abastecimento de oxigênio em Manaus enquanto esteve na capital amazonense entre os dias 3 e 5 de janeiro. Ela disse que a “finalidade da viagem a Manaus foi fazer relatório de prospecção.”
– Não houve percepção que faltaria. Pelo que tenho de provas é que tivemos comunicação por parte da secretaria estadual que transferiu ao ministro e-mail da White Martins dando conta sobre problema na rede de abastecimento – disse ela.
Sobre a crise local, Mayra alegou que a situação era “extraordinária” e que seria impossível fazer previsão sobre a falta do produto.
– Situação de caos, é impossível fazer previsão de quanto se usaria a mais. Passaram de 30 mil metros cúbicos para 80 mil cúbicos – afirmou Mayra, que disse ainda não ter atuado na força-tarefa de obtenção de oxigênio, pois “não estava mais em Manaus”.
Segundo a secretaria, a escolha de seu nome para ir a Manaus no início de janeiro se deu por ela estar no Ministério desde o início do governo. Mayra disse ainda que, desde a gestão de Luiz Henrique Mandetta, o Ministério da Saúde deu continuidade aos trabalhos.
– Todas as ações tiveram grandes contribuições em momentos diferentes – declarou.
Mayra Pinheiro também afirmou que na sua atuação junto ao Ministério para combater o colapso de saúde no estado do Amazonas no ano passado, foram realizadas ações que “vão muito além” de sua competência.
Segundo a secretária, questionada se a sua visita foi útil para evitar mortes no Estado, todo o trabalhos dos técnicos do Ministério foi “marcante” para a Amazônia, destacando que sua atuação garantiu uma maior ampliação da oferta de leitos, do transporte de oxigênio, do fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), de medicamentos para intubação, entre outros. Maya, contudo, negou que fosse de sua responsabilidade negociar a doação de oxigênio da Venezuela, afirmando não participar desse tipo de tratativa.
A médica também não abandonou a defesa de medicamentos como cloroquina e azitromicina para o tratamento da Covid-19. Para a secretária “todos os recursos tem que ser utilizados”, afirmando que a orientação para o uso dos medicamentos fora de bula é para todos os médicos brasileiros, não apenas os de Manaus.
– Numa situação de guerra nós lançamos mão de todas as evidências disponíveis desde que a gente esteja diante de medicamentos seguros – afirmou.
A secretária também disse que trabalhou para transferência de pacientes de Covid-19 em Manaus para outros estados, mas que não participou do transporte de nenhum paciente adulto.
– Eu participei da tentativa de transportes de crianças da UTI neonatal, não participei dos transportes de adultos – explicou Mayra, que negou saber quantas pessoas tenham morrido durante o transporte.
*Estadão