O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta terça-feira, 21, que não precisa gostar do presidente da Argentina. “Ele não tem que ser meu amigo”, afirma. “Temos que sentar à mesa, cada um defendendo os seus interesses.”
A fala ocorreu em meio a um discurso do petista para recém-formados em diplomacia pelo Instituto Rio Branco, no Distrito Federal (DF). O evento foi transmitido ao vivo pelo CanalGov. Lula acrescentou, ainda, que o governo brasileiro vai ter “problemas políticos” e que há “confusões na América do Sul.”
Além dessa declaração, o presidente da República comparou a democracia com um casamento. “Na hora que você casa e tem filhos, todo dia a gente faz concessão”, afirmou. “Se não for assim, acaba o casamento.” Da mesma forma, “acaba a grandiosidade de uma coisa chamada diplomacia brasileira”.
Em seu discurso, Lula citou algumas ações diplomáticas brasileiras, como a “importância que foi a gente criar a Unasul”. Trata-se da União de Nações Sul-Americanas.
O bloco era formado, em sua origem, por 12 países da América do Sul. O seu objetivo era “construir um espaço de diálogo e articulação no âmbito cultural, econômico e político entre seus membros”. No entanto, a instituição nunca conseguiu destaque em suas ações, e a economia dos países-membros apresentou diversos problemas.
Ainda sobre a Unasul, Lula enfatizou que “em nenhum momento da história deste país, os países da América do Sul estiveram tão irmanados como nós estivemos durante um período de quase 16 anos”. Com exceção do governo argentino recém-eleito, todos os membros do bloco são ideologicamente alinhados à esquerda.
“Se o Brasil tiver política correta”, continuou, “a gente vai ter orgulho do trabalho que ele [diplomata] prestou.” O presidente ressaltou que, “se tem uma coisa que temos que ter orgulho, é da diplomacia brasileira”.
Apesar dessa declaração, o governo brasileiro recebeu diversas críticas acerca das resoluções para o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Elas se direcionam, também, às falas de Lula sobre a contraofensiva israelense.
Em outubro, por exemplo, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) vetou a proposta de resolução do governo brasileiro sobre a guerra Israel-Hamas. O motivo é a ausência, no documento da diplomacia brasileira, do direito de israelenses se defenderem de terroristas.
Informações Revista Oeste