Na ginástica artística, o mais comum é vermos atletas com uma estatura menor do que a de outros esportes – e até da média da população. Na equipe feminina, Rebeca Andrade, uma das mais altas, tem 1,55 m, seguida por Flávia Saraiva de 1,48 m – Júlia Soares mede 1,53 m e Jade Barbosa e Lorrane dos Santos têm 1,53 m.
São raros atletas como Petrix Barbosa, ex-ginasta e ex-BBB, que mede 1,78m. A vida de Petrix foi complicada, a ponto de ele dizer em entrevista ao UOL, em 2015, que precisou de terapia por conta de sua estatura e teve diversas lesões, principalmente no pulso.
Mas, será que altura é realmente um fator determinante para esse esporte? UOL conversou com especialistas para entender o motivo de a estatura mais baixa ser predominante.
Atletas mais baixos têm um centro de gravidade menor. Isso significa que podem ter mais potência na hora de executar um exercício em comparação a um “grandalhão”.
“Favorece muito a questão do equilíbrio, estabilidade e potência. Como os movimentos são muito complexos, isso é muito importante para determinadas provas, principalmente quando se pensa em trava de equilíbrio e exercício de solo”, aponta Eduardo Netto, Profissional de Educação Física formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestre em Ciência da Motricidade e pós-graduado em Fisiologia do Exercício.
“Há menos inércia e esses mortais e saltos, acabam exigindo menos esforço em comparação com atletas maiores. Em níveis mais altos, como Olimpíadas, dificilmente você vai encontrar atletas mais altos”, continua Netto.
Saltar, pular, cair e se pendurar em barras gera um estresse sobre o corpo e principalmente nas articulações. Se é preciso lidar com menos peso corporal, as chances de se machucar nesses treinos e em competições também pode ser diminuída.
“Quando um atleta salta, se tiver grande desenvolvimento muscular combinado à baixa estatura, consegue executar a coreografia de forma mais fácil. Desse modo, quedas também diminuem seus impactos e a chance de lesões no corpo desses atletas”, defende Fernando Solera, ortopedista e médico do esporte.
A altura também está ligada diretamente à capacidade de estabilidade, como apontado sobre o centro de gravidade, e isso também está relacionado a um risco maior ou menor de lesões.
Alex Souto Maior, doutor em fisiologia do exercício e coordenador e professor do curso de Ciência da Alta Performance da Faculdade Uniguaçu, faz uma analogia para exemplificar:
Quanto mais baixa, menor ação da gravidade a pessoa irá sofrer. Por exemplo, uma árvore mais alta é menos estável do que uma árvore mais baixa. Uma pessoa mais alta tem maior ação da gravidade, gerando menor estabilidade e maior risco de lesões na prática do exercício.
Alex Souto Maior
Embora nossa estatura seja definida primordialmente por fatores genéticos, esportes de alto impacto, quando praticados e treinados em alto nível desde a infância, podem interferir no desenvolvimento, sobretudo, antes dos 14 anos, explica o neurocirurgião Renato Andrade Chaves.
O treinamento intenso durante a puberdade pode interferir no crescimento, pois a alta carga física e as demandas energéticas podem afetar os hormônios do crescimento. Além disso, o estresse físico e neurológico dos treinos pode impactar negativamente o desenvolvimento.”
Informações Revista Oeste