O prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) deve anunciar nesta semana o nome do vice em sua chapa nas eleições de 2024. O anúncio envolve interesses de Jair Bolsonaro (PL) e outros aliados. Na sexta (14), o ex-presidente disse que há um “noivado” entre Nunes e Ricardo Mello, o preferido de Bolsonaro para a vaga.
Mello e Nunes vivem “noivado” com casamento marcado para outubro. Para Bolsonaro, as vereadoras Sonaira Fernandes (PL), Rute Costa (PSDB) e outros nomes parecem “bons”, mas sua expectativa é que Mello seja escolhido. “Estamos começando bem esse diálogo para, quando bater o martelo, não ter gente que nos deixe”, disse ele.
Nunes quer “conversar com todos os partidos” que o apoiam sobre seu vice. “Não vamos fazer nenhuma imposição para nenhum”, disse ele. O discurso é uma alfinetada em seu adversário Guilherme Boulos (PSOL), pela escolha de Marta Suplicy (PT) para vice, fruto direto de uma articulação do presidente Lula (PT) nos bastidores.
Prefeito reconhece “peso” dos apoios de Mello. Para Nunes, o fato de Bolsonaro (que ele chamou de “a maior liderança do nosso país”), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o PL apoiarem Mello o coloca em uma posição “muito forte” na disputa pela vaga — embora a decisão ainda não tenha sido tomada.
Mello é coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo. Uma fonte próxima ao ex-presidente disse em janeiro que Bolsonaro tem “grande apreço” pelo militar. Mello já defendeu o fim da “saidinha” de Natal para presos e que a PM realize abordagem diferenciada em áreas nobres — entre outras medidas polêmicas.
Tarcísio defendeu “continuidade” do trabalho de Nunes. O governador elogiou a gestão do prefeito, de quem se aproximou por causa da privatização da Sabesp. O aval de Nunes foi decisivo para dar viabilidade econômica ao negócio. Segundo Tarcísio, conversas ao longo desta semana devem selar a escolha do vice.
“Continuo fechado com Nunes”, disse Bolsonaro. A declaração ocorreu após uma conversa de uma hora com Pablo Marçal (PRTB), pré-candidato à prefeitura de São Paulo, no último dia 3. Na mesma fala, ele disse que não vai impedir ninguém de conversar com Marçal, por não considerar isso democrático — mas seu apoio é de Nunes.
“Nós vamos estar juntos em todos os municípios”, afirmou ex-presidente sobre Tarcísio. Em Santos, porém, Bolsonaro e o governador apoiam pré-candidatos diferentes. Em Guarulhos, a discordância é com o PL. O ex-presidente e Valdemar Costa Neto, presidente do partido, não apoiam os mesmos nomes na disputa pela prefeitura.
Última semana teve entrada de José Luiz Datena na disputa. O apresentador de TV lançou pré-candidatura pelo PSDB no último dia 13. Após quatro desistências, ele disse que, desta vez, irá até o final da eleição. Visto com ceticismo por alguns, o movimento é tido por outros como forma de resgatar a força do partido.
Entrada de Marçal embolou o voto da direita. O empresário tem apoio de bolsonaristas que estão desconfortáveis com a aposta do ex-presidente em Nunes. Pelo Datafolha, Marçal tem 7% das intenções de voto. É menos do que Boulos (24%) e Nunes (23%), mas tecnicamente o mesmo que Datena e Tabata (ambos com 8%).
O coronel Mello é um dos nomes do PL, tem apoio do presidente Bolsonaro, do governador Tarcísio. Isso tem peso nessa escolha, sem nenhum demérito a todos os outros postulantes, a todas as outras indicações dos partidos
Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo
Essas conversas [sobre a escolha do vice de Nunes] acontecem ao telefone, pessoalmente. Você encontra aqui, toma um café ali. Essa construção está sendo bem adiantada, tem muita gente que está analisando os cenários, e a gente vai chegar no melhor para esse projeto
Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo
Nós vamos estar juntos em todos os municípios. Onde porventura tiver uma rusga, a gente vai para um canto, conversa e decide como vai apoiar esse ou aquele candidato. Nós não vamos ter divergência aqui. Afinal de contas, o Tarcísio é uma costela minha, com todo respeito
Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente
Hoje estou aqui para agradecer pela oportunidade que o presidente me deu para ficar à frente da Ceagesp e agora uma nova oportunidade. Agradecer ao presidente, ao governador Tarcísio, por estar indicando a gente também e, ao prefeito, com certeza, por essa possibilidade
Ricardo Mello Araújo (PL), ex-presidente da Ceagesp e coronel da reserva
Informações UOL