Segundo informações da Folha de SP, o Tesouro Nacional afrouxou prematuramente as metas para os resultados das contas, e isso não surpreendeu ninguém. Na verdade, há ceticismo quanto ao cumprimento das novas metas.
Em relação ao desempenho econômico do país, não houve mudanças imediatas e substanciais. As expectativas variam entre estabilidade, mediocridade e risco.
A leitura mais otimista sugere que o Brasil está protegido de desastres visíveis no horizonte. Espera-se um crescimento do PIB em torno de 2% neste ano e nos próximos; o desemprego está relativamente baixo; a inflação está controlada; e há superávit comercial e reservas em dólar.
No entanto, esse cenário contempla um processo de ajuste do Orçamento que é lento e incerto. O equilíbrio entre receitas e despesas, prometido pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para este ano e o próximo (em vez de superávit), só deve ser alcançado, segundo projeções independentes, em 2028.
Quanto à dívida pública, ela aumentaria dos atuais 75,5% do PIB para 86,5% em 2031. Somente a partir desse ponto, de acordo com estimativas consensuais, começaria a diminuir.
Aceitar essa perspectiva implica, em grande parte, conformar-se com a mediocridade. Se nada for feito, os gastos elevados e o endividamento do setor público continuarão a impor um limite para as taxas de juros do Banco Central, atualmente calculadas entre 9% e 10% ao ano.
Esse limite, por sua vez, restringe o crescimento econômico, que pode não ser suficiente para superar a pobreza e a miséria.
Além disso, a aparente calmaria pode ser menos confortável do que parece, especialmente no curto prazo. Em março, o Datafolha mostrou que a diferença entre os que consideram que a economia piorou (41%) e os que veem melhora (28%) aumentou. Coincidentemente ou não, a distância entre a reprovação de Lula (33%) e sua aprovação (35%) também diminuiu.
São perigos a que o país está submetido em razão da recusa em rever a expansão insustentável de despesas, por conveniências políticas ou obsessões ideológicas.
Informações TBN