A equipe jurídica do presidente Jair Bolsonaro (PL) informou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que está em tratativa para a contratação de uma terceira auditoria para atestar as alegações de que o candidato à reeleição teve menos inserções do que seu adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em rádios das regiões Norte e Nordeste.
“Não bastasse, por extremo apego à fidedignidade das informações preliminares submetidas ao elevado crivo da Presidência, no momento do peticionamento administrativo, informa-se que estão em andamento tratativas negociais concernentes à contratação de uma terceira auditoria técnica especializada, para a cabal confirmação dos dados originários, já apresentados à Corte”, diz.
A informação está contida no relatório enviado pela equipe ao TSE na tarde da última terça-feira (25). A campanha argumenta que Lula teve 154.085 inserções de rádio a mais do que o candidato do PL, entre os dias 7 e 21 de outubro — o número representaria 18,24% a menos.
Cada inserção que não foi divulgada tem 30 segundos de duração. Segundo a campanha de Bolsonaro, os materiais que deixaram de ser veiculados correspondem a 1.283 horas de conteúdos não exibidos. De acordo com a equipe do chefe do Executivo, o Nordeste foi a região com o maior percentual de inserções não divulgadas: 29.160.
O relatório contém uma planilha que mostra, inicialmente, oito exemplos das supostas ilegalidades. A maior diferença, apontam os dados, se deu em uma rádio do Recife (PE). Durante o período, foram veiculadas 101 inserções de Bolsonaro e 273 do ex-presidente — uma diferença de 172 inserções.
O TSE exonerou o servidor Alexandre Machado, responsável por receber arquivos com as peças publicitárias das campanhas eleitorais e disponibilizar os materiais no sistema eletrônico do TSE para que sejam baixados pelas emissoras de rádio e TV.
Em termo de declaração registrado na Polícia Federal, o servidor disse que foi exonerado 30 minutos depois de ter relatado problemas na fiscalização de inserções em rádios por parte do tribunal. Machado também afirmou que foi vítima de abuso de autoridade e que teme por sua integridade física.
O servidor contou que recebeu um email da rádio JM Online em que a rádio admitiu que, entre os dias 7 e 10 de outubro, havia deixado de repassar em sua programação cem inserções da Coligação Pelo Bem do Brasil, da campanha de Bolsonaro.
O caso foi relatado à chefe de gabinete do secretário-geral da presidência do TSE, Ludmila Boldo Maluf. Em seguida, cerca de 30 minutos depois, Alexandre diz ter sido comunicado de que estava sendo exonerado, “porém não lhe foi informada a motivação da exoneração”.
Procurado pela reportagem, o TSE não informou se a demissão do servidor está ligada à denúncia apresentada pela campanha de Bolsonaro. O espaço está aberto para manifestação.
*R7