Não fiquei com medo de nada, eu rezo muito. Nunca vou deixar o prédio. Só saio daqui quando eu morrer.
Nem a falta de luz e água fizeram com que ela perdesse a tranquilidade. Aí, tudo foi no improviso, com iluminação a luz de velas e até um radinho de pilha para que dona Almira pudesse acompanhar as notícias. “Quando a água acabou, eu passava um perfume”, disse uma sorridente dona Almira, que mora há quase 50 anos no local.
Sobrou para a filha dela, que precisava subir e descer do apartamento no sexto andar todos os dias para levar mantimentos. “Confesso que foi uma dificuldade passar esses dias todos subindo e descendo escadas, mas passou”, disse Janice, filha de dona Almira.
A idosa disse inclusive ter recordações da enchente de 1941, até então, a enchente mais trágica da história de Porto Alegre. Na época, ela tinha apenas 14 anos e morava em uma fazenda em São Jerônimo, no interior do Rio Grande do Sul.
E, ao ver o rio baixar e os moradores retornando aos poucos, preferiu falar com otimismo dos próximos dias após o período mais tenso das enchentes. “Só sinto felicidade e alegria de ver o sol voltando a brilhar. O mau cheiro está aí, mas a gente tem que suportar”.
Informações UOL