Zezé Di Camargo, 60, sentiu a voz falhar ao cantar a música “Dois Corações e Uma História” em uma apresentação.
O momento virou assunto e alguns fãs sugeriram que o músico se aposentasse. Em contato com Splash, a assessoria de imprensa da dupla afirmou que “não há nada de errado” com Zezé Di Camargo.
Splash entrou em contato com uma especialista para responder essa questão.
O sertanejo começou a ter problemas com a voz há quase 14 anos. Ele tinha um cisto congênito em uma corda vocal, que rompeu. O líquido do cisto se dissolveu dentro da corda, criando uma aderência em toda a mucosa. Em 2008, Zezé fez uma cirurgia delicada nas suas cordas vocais para tratar essa aderência.
A fonoaudióloga Glaucia Verena, diretora-geral e fundadora do LabVoz, explica que após uma situação como essa “a voz fica propensa a fatores debilitantes” e que a carga excessiva de shows e o próprio envelhecimento do tecido vocal podem ter um efeito mais acentuado. “Logo, devido à complexidade do quadro o tempo de recuperação pode ser mais longo do que o habitual, e apresenta necessidades mais específicas.”
Verena explica que o tratamento nesses casos inclui uma equipe multidisciplinar. “A indicação de reabilitação fonoaudiológica nesses casos ajuda a compreensão da ação muscular para investigar possibilidades funcionais e adaptativas para a voz que passou por algum processo cirúrgico. No caso de vozes artísticas uma equipe de profissionais, como otorrinolaringologista e professor de canto, fazem grande diferença.”
Ela discorda dos que opinaram que o sertanejo precisa se aposentar.
É muito difícil para um cantor parar de cantar e se aposentar, a conexão que a música cria e o significado dela na vida deles é imensurável. É possível trazer soluções adaptativas e funcionais e repensar repertório, modalidades que tragam mais conforto vocal e uma agenda de shows mais saudável para o processo de recuperação vocal. […] Nem toda limitação deve ser vista como um término, mas abre portas para um novo momento de vida.none Glaucia Verena
O filme “Dois Filhos de Francisco” (2007) mostra que o pai dos cantores os incentivava a comer um ovo cru toda manhã, para “cantar como um galo”. Zezé manteve o hábito e chegou a consumir o alimento cru em outras ocasiões — no sofá do Jô e ao lado de Galvão Bueno.
Glaucia diz que “não existe nenhuma evidência científica que ovo cru faz bem para voz”. “Nós sabemos das receitas de nossas avós, por exemplo, mas o que de fato funciona para voz é o que funciona para o seu corpo, bom sono, alimentação, atividade regular de exercícios fonoaudiológicos, uma boa higiene vocal e muita hidratação fazem a grande diferença para o cuidado da voz”.
Informações Splash UOL