17º00’S, 49º50’L
Cemitério pirata de São Pedro
Nosy Boraha, Toamasina, Madagascar
Em 1728, uma nova edição da “História Geral dos Piratas”, espécie de almanaque com biografias e outras informações relevantes sobre os principais bucaneiros, corsários e afins, citou a existência de Libertátia. Era um país fundado por um pirata chamado Capitão Misson.
Francês radicado em Roma, Misson se desencantou com a Igreja e as amarras da vida em sociedade. Ao lado de outros 200 comparsas, se lançou à pirataria e fundou esse país libertário — antimonarquias, antirreligiões, antiqualquer instituição, como toda boa ideologia “contra isso tudo que tá aí” – em algum ponto de Madagascar.
Acontece que jamais outra fonte confiável citou o caso. Nenhum historiador descobriu qualquer evidência. Libertátia, ou Libertália, como também é chamada, caiu na gaveta das utopias. Ficou ruim até para o autor da “História Geral”, Capitão Charles Johnson, que deixou de ser uma fonte 100% confiável para alguns pesquisadores modernos que estudam a era de ouro dos piratas.
Registro da ilha feito no século 19Imagem: duncan1890/Getty Images/iStockphoto
Para quem não precisa se apegar a fatos, Libertátia desde então povoa variados tipos de ficção, da obra do escritor William Burroughs ao enredo de “Uncharted IV”, um dos melhores jogos de videogame da década passada. Mas por que sua existência está vinculada a Madagascar e não a uma ilha do Caribe, tão mais familiar às mitologias piratas?
Os europeus chegaram à grande ilha do Índico no século 16, com os portugueses, em 1506. Mas não houve colonização. Navegadores holandeses, ingleses e franceses apareceram na sequência, mas apenas para fazer comércio. Depois, chegaram os piratas, que estabeleceram portos seguros no nordeste de Madagascar, nas localidades de Antongil, Foulpointe e a Ilha de Sainte-Marie.
De origens sociais diversas, mas falando predominantemente inglês, esses piratas estavam estrategicamente posicionados, monitorando (e pilhando) os navios que voltavam da Ásia. Eles forjaram alianças estratégicas com povos locais, em especial os betsimissaracas, que habitam a costa nordeste e hoje são uma das principais minorias do país.
A descoberta, no começo deste século, de um navio naufragado em Sainte-Marie ajudou os arqueólogos a confirmarem que, em 1720, mais de 135 piratas e cerca de 80 escravizados da Guiné viviam na ilha. A prova mais conhecida, e a maior atração local, é o cemitério de piratas de Sainte-Marie.
Cemitério de piratas em Saint MarieImagem: JialiangGao/WikiCommons
Sainte-Marie resgatou seu antigo nome e hoje se chama Nosy Boraha. É uma ilha de 222 quilômetros quadrados, pouco maior que a Ilha Grande, no Rio de Janeiro. A principal aglomeração urbana é Ambodifotatra, ao norte de uma baía que tem, bem no meio, uma ilhota chamada Île aux Forbans, ou ilha pirata.
Segundo o site francês “Archéologie de la Piraterie”, a baía de Ambodifotrata foi um covil de piratas entre 1690 e 1730 e provavelmente o maior foco de pirataria do Oceano Índico. Do outro lado da baía, fica o cemitério, com cerca de 30 lápides, algumas marcadas com símbolo da caveira dos ossos cruzados.
Ou seja, é fato que o nordeste de Madagascar, em especial Nosy Boraha, atraía piratas como cafés e lanchonetes gourmet atraem aluguéis mais caros. Mas isso não quer dizer que a Île aux Forbans era Libertátia. Nenhuma ossada jamais foi identificada e ainda se sabe muito pouco sobre os homens que viveram ali, naquela época, naquelas condições. Era, até onde se sabe, uma comunidade de piratas. E só.
Eles foram embora em algum momento da primeira metade do século 18. Os franceses eventualmente tomaram o controle da ilha em caráter oficial, bem como de toda Madagascar, que só conquistaria a independência em 1960.
Praia de Saint Marie, em MadgascarImagem: Charles-Henry Thoquenne/Getty Images/iStockphoto
Hoje, Madagascar está em alta no turismo. Uma consultoria espanhola colocou o país entre os três melhores destinos para a África este ano. Nosy Boraha foi eleita o melhor destino do continente, e o site americano “Travel Lemming” a listou como o quarto melhor lugar do mundo para visitar em 2023.
A publicação destacou as atividades ao ar livre, como trilha, escalada e ciclismo. “É uma ótima escapada para praias. Imagine bangalôs de madeira, a água turquesa do Índico beijando sua porta, sol, coquetéis servidos em cocos e a deliciosa cozinha madagascarense.” ((https://travellemming.com/best-places-to-travel-2023/))
Ou seja, o cemitério é só mais um atrativo. A ilha também tem a primeira igreja católica de Madagascar e algumas piscinas naturais. Para completar, em um país conhecido mundialmente por sua biodiversidade única, Nosy Boraha tem diversas espécies de lêmures e de orquídeas.
Mas isso tudo está ameaçado. E não, os piratas não estão voltando.Os míticos baobás, as árvores que os deuses plantaram de cabeça para baixo, por causa da disposição singular de suas copas, são bastante vulneráveis ao aquecimento global. Para piorar, o baobá é considerado uma espécie-chave, cujo impacto no ecossistema é enorme para outras formas de vida. Quando um baobá morre, muitas espécies de plantas e animais correm risco.
O baobá não é exclusividade de Madagascar. Mas, das sete espécies presentes no país, seis são endêmicas. Em toda a África continental, só existe um tipo de baobá.
O problema é que Madagascar é um dos países mais pobres do mundo. Muitos agricultores, desesperados em busca de mais terra arável, aceleraram o desmatamento nas últimas décadas. Em anos recentes, secas e enchentes recordes atacaram a ilha, mais uma vítima do aumento de eventos extremos causados pelas mudanças climáticas.
Diante disso, cientistas já sugeriram até uma migração de baobás. Levar as árvores para ambientes menos quentes pode salvá-las. Outros estão estocando o DNA da espécie, para evitar seu desaparecimento total.
Um turismo responsável e equilibrado pode ajudar o país a ter mais recursos e evitar o pior. Seria uma tragédia se a fauna e a flora locais se tornassem algo tão fictício quanto o rei Julien de “Madagascar” (o filme). Ou Libertátia.
Informações Nossa UOL
Sabia que o feminino de pintinho é pintainha? Série ‘De onde vem o que eu como’ ensina ainda as diferenças entre ovo convencional, caipira, com ômega 3… E saiba se os testes com ovos que bombam no TikTok fazem sentido.
De onde vem o que eu como: Ovos
Recordista do Instagram com a foto mais curtida, queridinho dos “marombeiros” e da musa fitness Gracyanne Barbosa, matéria-prima de vacinas e em alta nos memes por conta da disparada nos preços. De herói a vilão, o ovo é um alimento que não sai do radar dos consumidores.
Para entender o que está por trás de tanta popularidade, o g1 foi até uma granja em Porto Feliz, no interior de São Paulo, e conheceu de perto a produção de ovos orgânicos em um modelo de criação que a empresa batizou de galinhas “felizes”. 🐔 😀
Isso porque as aves não ficam em gaiolas, têm acesso a um “spa”, com direito a banho de areia, além de espaço livre para bater asas e ciscar.
E você sabe quais são os tipos de ovos e as diferenças entre o convencional, o caipira, o enriquecido e o orgânico?
Ovo caipira, orgânico, convencional e enriquecido:
Na hora da compra, o valor do ovo aumentou 19% na média nos últimos 12 meses, três vezes acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado na terça-feira (24).
A média de produção por galinha na granja de Porto Feliz é de um ovo a cada 27 horas — Foto: Celso Tavares/ g1
Desde a primeira quinzena de janeiro, internautas no Brasil e no exterior vêm publicando relatos sobre o preço do ovo. O assunto gerou memes nas redes sociais.
Meme nas redes sociais sobre o preço do ovo — Foto: Reprodução/ Twitter
Memes viralizaram nas redes sociais por conta do aumento do preço do ovo — Foto: Reprodução/ Twitter
O que as galinhas comem corresponde a 80% do custo de produção. A ração, que tem como maior parte da composição milho e farelo de soja, mais que dobrou de preço nos últimos dois anos, de acordo com Luis Rua, diretor de mercados da ABPA.
A alta da demanda global por esses insumos, quebras de safra e a guerra na Ucrânia acabaram colaborando para piorar a situação.
A ABPA garante que não vai faltar a proteína no Brasil.
Ainda que o mundo venha presenciando a influenza aviária, no caso os EUA, da Europa e também da Ásia, mas aqui no Brasil nós não temos essa enfermidade. A gente espera que no ano de 2023, o brasileiro possa continuar comendo acima da média mundial, que é de 230 ovos”, disse.
— Luis Rua, diretor de mercados da ABPA
Para manter esse status de país livre desta doença viral altamente contagiosa, governo e produtores intensificaram os cuidados sanitários desde dezembro do ano passado.
Meme nas redes sociais por conta da alta do preço do ovo — Foto: Reprodução/ Twitter
A produção de ovos no país vem caindo. Em 2021 foram produzidos 54,9 bilhões de unidades. No ano seguinte, 52 bilhões, com o consumo de 241 unidades por pessoa, de acordo com os dados da associação. A previsão para 2023 é de 51 bilhões.
O Brasil exportou 9,4 mil toneladas de ovos em 2022, volume 16,5% menor em comparação com 2021, segundo a ABPA, com base nos números oficiais do governo federal.
A receita chegou a US$ 22,419 milhões, valor 24,2% superior na mesma comparação. A previsão da associação é que as vendas ao exterior cresçam até 10% este ano, até mesmo por ser uma alternativa para os países com surto de gripe aviária.
Galinhas são criadas no sistema livre de gaiolas em Porto Feliz, no interior de São Paulo — Foto: Celso Tavares/ g1
Pintainhas chegam na granja com um dia de vida — Foto: Celso Tavares/ g1
Pintainhas no galpão de recria com comedouros e bebedouros sem restrições — Foto: Celso Tavares/ g1
Temperatura é monitorada no galpão onde ficam pintainhas — Foto: Celso Tavares/ g1
Aves recebem treinamento para poder ficar no galpão e na área de pastagem — Foto: Celso Tavares/ g1
Galinhas podem escolher o ninho dentro do galpão — Foto: Celso Tavares/ g1
Galinhas podem circular por áreas abertas para ciscar, bater asas, se empoleirar quando bem entender e tomar banho de areia — Foto: Celso Tavares/ g1
Após sair da granja, ovos são selecionados e passam por processo de limpeza — Foto: Celso Tavares/ g1
Observação pela ovoscopia permite verificar detalhes do ovo durante o processo de seleção — Foto: Celso Tavares/ g1
Fundador e presidente da Label Rouge, Claudio Rodrigues (à esq.), Gislaine Armanhe, diretora-executiva (ao centro) e Guilherme Armanhe, diretor de operações — Foto: Celso Tavares/ g1
Informações G1
O artista italiano Salvatore Garau faturou uma bolada ao vender uma de suas esculturas. Entretanto, é uma obra um tanto difícil de descrever, uma vez que ela é “imaterial” e “invisível”. Em outras palavras, ela não existe, pelo menos no mundo tangível.
A escultura chamada “Io Sono” — o que em italiano significa “eu sou” — abocanhou um total de 18.300 dólares, o que equivale a mais de R$ 93 mil.
Garau recebeu críticas por contra do valor de sua obra invisível, mas ele argumento que ela não é um “nada”, mas sim um “vácuo”.
“O vácuo nada mais é do que um espaço repleto de energia, e mesmo se nós o esvaziarmos e não tiver mais nada lá, de acordo com o princípio da incerteza de Heisenberg, esse ‘nada’ tem um peso”, afirmou o artista, em declaração reproduzida pela Newsweek.
“Dessa forma, ela possui energia que é condensada e transformada em partículas, isso é, em nós”, complementou.
De acordo com o site Italy 24 News, Garau forneceu instruções de que a escultura deve ser exposta em uma casa particular, livre de qualquer obstrução, em um espaço de pelo menos 1 metro e meio de altura e 1 metro e meio de largura.
Essa é a primeira escultura imaterial que ele consegue vender, mas não é a primeira que criou. Em seu Instagram, ele chegou a publicar uma imagem do que chamou de “Buda em Contemplação”. No vídeo, é possível ver apenas um espaço demarcado no chão.
Créditos: UOL
Quando Bento 16 deixou o papado em fevereiro de 2013, sua decisão causou comoção na Igreja Católica por se tratar da primeira vez que um papa renunciava ao cargo em quase 600 anos.
Mas se Joseph Ratzinger justificou sua saída citando as “rápidas transformações” do mundo e sua “idade avançada”, que o privavam de forças para exercer o cargo para o qual os cardeais o elegeram em 2005, o pontífice anterior a renunciar o fez por razões bastante diferentes.
Trata-se de Gregório 12, que deixou o seu papado em 1415.
As denúncias de centenas de casos de pedofilia dentro da Igreja ou os conflitos com o Banco do Vaticano podem parecer conflitos graves para um papa, mas Gregório teve que lidar com as ameaças de outros dois papas, cada um com seus próprios seguidores, seu próprio Colégio Sagrado de Cardeais e seus próprios escritórios administrativos.
A crise entrou para a história sob os nomes de Cisma do Ocidente, Grande Cisma ou Grande Cisma do Ocidente.
Em 30 de novembro de 1406, Angelo Correr, membro da aristocracia veneziana, foi eleito papa com o nome de Gregório 12. Ele sucedeu a Inocêncio 7º, que o havia nomeado cardeal um ano antes.
Correr foi o bispo de Castello nos Estados Papais (1380) e Patriarca Latino de Constantinopla (1390).
Mas enquanto sua carreira eclesiástica o aproximava da Cátedra de São Pedro em Roma, já havia outro papa em outra cátedra: Bento 13, cujo papado tinha sede na cidade francesa de Avignon.
O cisma na Igreja Católica começou em 1378, quando um grupo de cardeais hostis ao papa Urbano 6º elegeu outro cardeal como papa, Roberto de Guinevere, que se estabeleceu em Avignon como Clemente 7º.
Bento 13 sucedeu Clemente 7º nesse papado paralelo da França em 1394.
Antes da eleição papal de Gregório 12, todos os cardeais em Roma juraram que, para acabar com o cisma, renunciariam ao papado se fossem eleitos desde que seu rival em Avignon fizesse o mesmo.
Gregório 12 repetiu seu juramento após ser feito papa e, em 12 de dezembro de 1406, notificou Bento 13 de sua eleição e das condições sob as quais ela havia ocorrido, reiterando sua disposição de renunciar se Bento também o fizesse.
Após extensas negociações, os dois pontífices concordaram em se encontrar na cidade de Savona, mas esse encontro nunca aconteceu e a desconfiança entre os dois homens da Igreja aumentou, com acusações cruzadas entre a cidade francesa e a cidade italiana.
A existência de dois papas localizados em Roma e Avignon não só implicava divisões nos templos religiosos, mas também criava antagonismos políticos e conflitos nacionalistas, com diferentes reis apoiando diferentes papas.
Quando a situação se tornou insustentável, surgiram várias propostas para acabar com o cisma e em 1409 o Concílio de Pisa foi realizado com cardeais de ambas as facções.
Tanto Gregório 12 quanto Bento 13 foram convidados, mas nenhum deles compareceu.
O Concílio de Pisa depôs os dois papas e elegeu um novo: Alexandre 5º.
Mas nem Gregório nem Bento renunciaram, então a Igreja Católica, que estava tentando se unificar novamente, agora não tinha mais dois papas, mas sim três.
Diante de tamanho caos, um novo concílio foi convocado em 1414, o chamado Concílio de Constança, na Alemanha. Nesta reunião, Sigismundo, o Sacro Imperador Romano, desempenhou um papel fundamental.
O novo concílio depôs João 23 (que havia sucedido Alexandre 5º), rejeitou qualquer tipo de pretensão de Bento 13 de continuar sendo papa de Avignon e finalmente aceitou a renúncia do papa romano Gregório 12, encerrando assim uma das crises mais graves da história da Igreja Católica.
Gregório 12 renunciou em 4 de julho de 1415 e morreu em 18 de outubro de 1417, aos 90 anos.
Nesse mesmo ano, Martinho 5º foi eleito como o legítimo – e único – papa.
Angelo Correr morreu como cardeal bispo do Porto, título que lhe foi conferido pelo último concílio.
Para os historiadores da Igreja Católica, Urbano 6º e seus sucessores (incluindo Gregório 12) são os papas legítimos, razão pela qual os papas de Avignon às vezes são chamados de antipapas.
Informações BBC News
Você se deslumbra ao ver uma carne suculenta envolvida por uma cama de ouro e depois cai da cadeira ao ver o preço: R$ 9 mil. Associa, rapidamente, o valor estratosférico ao ouro, metal nobre, e pensa: é ele que encarece a carne, claro. Os jogadores da seleção brasileira pagaram para consumir a iguaria e foram criticados pela ostentação.
Só que o que custou R$ 9 mil está longe de ser o ouro que embrulha a carne na unidade londrina da churrascaria Nusr-Et, do chef Nusret Gökçe, um dos maiores especialistas em churrasco do mundo. O ouro comestível utilizado ali é o mesmo que você encontra no Brasil a partir de R$ 60.
A especialista em churrasco Paty Nobre fez a receita em casa. Para embrulhar uma peça de 700 g de uma carne nobre, utilizou oito folhas de ouro — R$ 60 é o valor aproximado do pacote com 10 unidades do papel dourado.
Bolos, cachaças, docinhos: velho conhecido da culinária, principalmente da confeitaria, as folhas de ouro não interferem no gosto do alimento, nem mesmo na textura: elas são tão finas e leves que desmancham na boca se misturando à comida. A graça, ela conta, é a aparência de envolver um quitute com ouro. Ou seja, é uma aventura visual e não gustativa.
Mas, para ser próprio para consumo, é importante que as folhas sejam feitas com ouro 24 quilates, que é o ouro 100% puro e não faz mal à saúde. Paty aconselha comprá-las em lojas do ramo alimentício, onde a garantia de qualidade é exigida.
Ela explica que, para ter a certificação de que as folhas que você comprou são realmente de ouro, é só observar a textura: elas devem ser mais leves que um fio de cabelo e bastante delicadas. Um ventinho mais forte já faz com que as folhas amassem.
“Elas são tão sensíveis que, só de manusear, já grudam no dedo”, explica Paty. As folhas de ouro que embrulham a carne são mais baratas do que a própria peça que, se for mais nobre como o bife de Angus ou o T-Bone, podem chegar a mais de R$ 100″, diz.
Até por isso, o preço cobrado pela carne de ouro no restaurante do Qatar é muito alto pela experiência gastronômica e não pelo custo da matéria-prima utilizada para produzi-la.
Na unidade qatari da churrascaria, o ‘Golden ottoman steak’ sai por R$ 3,4 mil.
Informações UOL
Um vídeo curioso circula pelas redes sociais mostrando ovelhas de uma fazenda na cidade de Baotou, na Mongólia, China, andando em círculos.
Segundo informações, os animais passaram 12 dias caminhando em círculos gerando um grande mistério que ganhou versões diversas entre os internautas.
A dona do rebanho, identificada como Miao, disse que tudo começou com uma única ovelha que, sem motivo aparente, começou a repetir esse movimento. Logo, parte das demais ovelhas passaram a fazer o mesmo.
SEM EXPLICAÇÕES
Entre tantas suposições do que teria gerado esse fenômeno misterioso há quem aponte que a causa seria uma doença chamada listeriose.
De origem alimentar, o problema inflama um lado do cérebro e faz com que as ovelhas se comportem de maneira estranha. Desorientadas, elas passam a andar em círculos.
O canal Rural citou um caso semelhante registrado em East Sussex, no sudeste da Inglaterra, em 2021; mas nesse caso, a forma como o cuidador distribuía a ração, foi o que levou as ovelhas a andarem em círculos.
Informações Pleno News
Vendedora do objeto teria advertido o homem sobre a “maldição”
Um colecionador britânico de obras misteriosas, chamado Dan Smith, afirma ter sido amaldiçoado depois de levar para casa um quadro em uma loja de sua cidade. A vendedora o teria advertido sobre “possíveis danos” que o objeto poderia lhe causar, mas ele não deu ouvidos.
– A mulher no mercado de pulgas me avisou antes de comprar isso e eu vou avisá-lo – nada de bom pode vir dessa pintura. Eu não pensei muito nisso na época e apenas assumi que ela era um daqueles negociantes excêntricos vendendo suas mercadorias mais barato – contou.
De acordo com o jornal jornal britânico The Mirror, Dan Smith agora considera que sua compra foi uma “má decisão” e que desde então causou estragos em sua vida.
– Quanto à pintura, parecia adorável, com duas bonecas aparentemente inocentes retratadas nela… mas ela estava certa . Eu não sei de quem é o sangue amaldiçoado misturado com a tinta para criar esta peça, mas seus poderes são fortes – declarou o britânico ao jornal.
A pintura do quadro trata-se de uma criança trajando um vestido rosa acompanhada de uma boneca de pano com cabelos ruivos. Smith admite que, à primeira vista, imaginou que a pintura se tratava de “renascimento”. Contudo, agora acredita que ela “só representa o fim das coisas”.
Smith afirma ter enfrentado problemas de saúde, sono e até mesmo o seu hamster de estimação teria sido atingido pela “maldição”. Na tentativa de se livrar do objeto de mal agouro, o britanico o colocou à venda no site eBay com um preço inicial de £ 37, equivalente a R$ 250.
A descrição do produto no site é bastante “sincera”: “CUIDADO Amaldiçoado”. Adam Smith também explica porque decidiu vender em vez de destruir o quadro.
– Mas por que passar adiante e continuar com um legado tão terrível, você pergunta? Por que não destruí-lo, você se pergunta? Bem, com certeza, colocar fogo na pintura poderia livrar o mundo da maldade provocada pela peça, mas poderia facilmente desencadear o mal. Quem pode dizer que, queimando-o, não vou apenas piorar as coisas dez vezes? Não, não quero arriscar isso, prefiro vendê-lo a uma pobre alma que não acredita nisso história, ou, ainda mais assustador, alguma alma corajosa que faz – declarou.
Informações Pleno News
Confira dicas para amenizar o sofrimento do seu bichinho de estimação
Toda virada de ano a história se repete: donos de cães e gatos divulgam, em cartazes nas ruas ou postagens nas redes sociais, a fuga de seus bichinhos de estimação, que sumiram assustados durante a queima de fogos no réveillon. O problema é tão grave que motivou a proibição de fogos de artifício com som alto em cidades como São Paulo, Cuiabá, Campo Grande, Curitiba e Rio de Janeiro, além do Distrito Federal. A medida beneficia não só animais, mas também idosos, autistas, bebês e enfermos.
Os cães têm a capacidade auditiva maior que a dos humanos e, para eles, barulhos acima de 60 decibéis, que equivale a uma conversa em tom alto, podem causar estresse físico e psicológico, segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). O ouvido canino é capaz de perceber uma frequência maior de sons, se comparado a humanos, e podem detectar sons quatro vezes mais distantes. Por esse motivo, a queima de fogos com barulho, em comemorações como o réveillon, torna-se um momento de desespero para os animais, silvestres e domésticos.
“Esse é um problema seríssimo”, diz o médico-veterinário Daniel Prates, proprietário de uma clínica no Distrito Federal. “Já atendi um cão que atravessou uma vidraça [durante a queima de fogos]. Chegou aqui cheio de cacos de vidro enfiados na região de rosto, peito e pescoço. Por sorte não cortou a jugular ou entrou vidro nos olhos. Também atendi o caso de um cão que morreu de infarto”, conta.
Além disso, Prates adverte sobre os riscos de fuga do animal e de acidentes. “Já recebemos um cachorro que saiu pelo portão assustado, atravessou a rua e o carro pegou”. Ele recomenda aos donos de animais muito sensíveis uma atenção especial na hora da queima de fogos. “Aconselho deixá-los à vontade perto dos donos, que é onde eles se sentem mais seguros. Se forem presos sozinhos ou deixados do lado de fora da casa pode ocorrer acidentes horríveis”.
Segundo a médica-veterinária Kellen Oliveira, presidente da Comissão de Bem-Estar Animal do CFMV, muitos filhotes acabam sofrendo um “erro de sociabilização”, que precisa ocorrer no período entre 21 a 90 dias de vida dos cães e gatos, e desenvolvem fobias, sobretudo a sons altos como fogos de artifício e trovoadas.
“Para isso, alguns animais devem passar por um processo de dessensibilização ou contracondicionamento. E muitos que infelizmente não passam por esse processo podem vir a óbito por vários motivos. Aos tutores que sabem que seus animais têm fobia a ruídos a gente pede uma atenção especial agora no final do ano”, orienta.
Mesmo com leis municipais proibindo fogos com estampido (sons de tiro), eles ainda podem ser ouvidos em grandes comemorações ou dias de final de campeonato de futebol. Por isso, é importante que as pessoas tomem algumas providências para atenuar o impacto do barulho excessivo nos seus bichinhos de estimação. “Nesse momento não dá para fazer uma dessensibilização, mas a gente tem outras técnicas que podem ser utilizadas que amenizam o sofrimento dos animais”, lembra Kellen Oliveira. O CNMV oferece algumas dicas importantes.
Primeiro, é importante manter o animal identificado, com plaquinha na coleira contendo número de telefone e e-mail. Em caso de fuga do bichinho, a chance de recuperá-lo é maior.
Outra dica está na preparação de um ambiente acolhedor para o animal. “Prepare o ambiente e acostume seu animal a um espaço fechado, que abafe o som dos fogos. Pode ser um quarto, a lavanderia ou a garagem. Não deixe seu pet em sacadas, perto de piscinas ou em correntes”, aconselha a entidade. Vale lembrar que os pássaros criados em gaiolas também devem ser protegidos.
Esse espaço deve conter “tocas”, como espaços debaixo da cama ou caixas de transporte. Essas tocas devem ter objetos com o cheiro do dono, principalmente se os donos forem passar a virada do ano longe de seus animais. Os gatos, por sua vez, gostam de se esconder em lugares altos, como no alto de armários ou prateleiras.
Outra dica do CNMV é não deixar comida à vontade para seu animalzinho. Se você alimenta seu cão duas vezes por dia, o alimente pela manhã normalmente e prepare brinquedos recheáveis com as comidas preferidas dele para fornecer próximo da hora de maior intensidade dos fogos. Ossos naturais bem grandes, para evitar engasgamentos, podem ser opções. O objetivo é ele estar motivado a se entreter com os brinquedos e ficar menos preocupado com o barulho.
Caso seu animalzinho fique muito estressado, desesperado e tenha convulsões ou tente fugir por portas e janelas, uma alternativa é usar medicamentos calmantes. Converse com um veterinário a respeito. O importante é chegar em 2022 com seus bichinhos de estimação seguros e acolhidos.
Informações Agência Brasil
O Google revelou nesta quarta-feira (08), uma lista com a retrospectiva de “Buscas do Ano 2021”, com assuntos e termos que mais cresceram na plataforma neste ano. A lista, feita anualmente pela empresa, mostra quais foram as tendências mais populares do ano em ordem cronológica, além de permitir que o usuário filtre por 18 categorias, como Entretenimento, Esportes e Economia.
A cantora Marília Mendonça, que morreu em um acidente de avião no mês de novembro, teve o nome mais pesquisado pelos brasileiros neste ano. Além dela, também aparecem o humorista Paulo Gustavo, Lázaro Barbosa (acusado de matar quatro pessoas em Goiás), o funkeiro MC Kevin, BBB 2021, os times Palmeiras, Corinthians e São Paulo.
Vale lembrar que para entrar no ranking, os termos precisam ter algum tempo de estabilidade nas pesquisas. Caso um termo tenha registrado um aumento significativo, mas apenas por um dia, não é contabilizado.
A lista brasileira conta com as categorias: Buscas do Ano (Geral), Acontecimentos, Como fazer, O que?, Mortes, Filmes, Séries, Programas de TV, Música (Letra), Personalidades, Clubes de futebol, Perto de mim, Quanto custa, Atletas Olímpicos, Receitas, Beleza, Virou meme e Como ser. Neste ano, entraram as categorias “perto de mim”, “quanto custa” e “como ser”.
Confira a lista:
Buscas do ano (geral)
Marília Mendonça
Eurocopa
Palmeiras
Libertadores
Brasileirão
Corinthians
Copa do Brasil
MC Kevin
Copa América
Lázaro Barbosa
Acontecimentos
Olimpíadas 2021
Vacina Covid-19
Whatsapp fora do ar
Caso Henry Borel
Caso Lázaro
Afeganistão
Lockdown
Queda do avião de Marília Mendonça
Foguete chinês
Greve dos caminhoneiros
Como fazer
Como fazer horta em casa
Como fazer brinquedos para gatos
Como fazer um Pix
Como fazer soro caseiro
Como fazer backup do WhatsApp
Como fazer café gelado
Como fazer o cadastro do Auxílio Brasil
Como fazer o recadastramento do Auxílio Emergencial
Como fazer Prova de Vida pelo celular
Como fazer boletim de ocorrência online
O que?
O que é cringe?
O que é basculho?
O que aconteceu com o WhatsApp?
O que é politraumatismo?
O que estuda a gelotologia?
O que é comorbidade?
O que é Talibã?
O que é estigma?
O que aconteceu com MC Kevin?
O que é imunossuprimidos?
Mortes
Marília Mendonça
MC Kevin
Lázaro Barbosa
Paulo Gustavo
Bruno Covas
Tarcísio Meira
Eva Wilma
Agnaldo Timóteo
Major Olímpio
Cristiana Lôbo
Filmes
Eternos
Viúva Negra
Liga da Justiça de Zack Snyder
Venom: Tempo de Carnificina
Invocação do Mal 3
Marighella
Esquadrão Suicida
Cruella
Duna
A Menina que Matou os Pais
Séries
Round 6
Bridgerton
Cidade Invisível
Sweet Tooth
Wandavision
Cobra Kai
Lupin
Sex Education
Maid
Loki
Programas de TV
BBB 2021
Power Couple
No Limite
Salve-se Quem Puder
A Fazenda 2021
A Vida da Gente
Verdades Secretas 2
The Masked Singer
A Força do Querer
Carinha de Anjo
Música (Letra)
Girl from Rio (Anitta)
Estrelinha (Di Paullo e Paulino com Marília Mendonça)
Batom de Cereja (Israel & Rodolffo)
Deus me Proteja de Mim (Chico César)
Drivers License (Olivia Rodrigo)
Alívio (Jessé Aguiar)
Meu Pedaço de Pecado (João Gomes)
Saturno (BIN prod. Ajaxx)
Penhasco (Luísa Sonza)
Doutora 3 (MC Kevin)
Personalidades
Karol Conká
Sílvio Santos
Luciano Szafir
Lucas Penteado
MC Livinho
Alec Baldwin
Nego Di
Juliette
Joice Hasselmann
Carla Diaz
Clubes de futebol
Palmeiras
Corinthians
São Paulo
PSG
Santos
Fluminense
Real Madrid
Flamengo
Internacional
Chelsea
Perto de mim
Pet shop perto de mim
Vacina da Covid-19 perto de mim
Parque para andar de bicicleta perto de mim
Mercadinho aberto agora perto de mim
Floricultura perto de mim
Padaria perto de mim
Academia perto de mim
Barbearia perto de mim
Vagas perto de mim
Café para viagem aqui perto
Quanto custa
Quanto custa um cilindro de oxigênio
Quanto custa um implante dentário
Quanto custa o teste de Covid-19
Quanto custa um clareamento dental
Quanto custa uma lipo lad
Quanto custa a ECMO
Quanto custa 1 bitcoin
Quanto custa o ingresso do Rock in Rio 2022
Quanto custa uma faculdade de Medicina
Quanto custa a grama do ouro
Atletas olímpicos
Rebeca Andrade (Ginástica Artística)
Isaquias Queiroz (Canoagem)
Simone Biles (Ginástica Artística)
Rayssa Leal (Skate)
Ítalo Ferreira (Surf)
Maurício Souza (Vôlei)
Gabriel Medina (Surf)
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*CNN Brasil
Assim como muitos americanos, a historiadora Brodwyn Fischer não chegou a aprender muito sobre o Brasil quando estava na escola. O primeiro contato mais profundo veio no início da faculdade, 30 anos atrás e, desde então, ela não parou mais de pesquisar sobre a história brasileira.
“Uma das coisas que mais me fascinaram foi que começar a estudar história do Brasil me fez olhar diferente para a própria história dos Estados Unidos, porque os dois países têm muitas características básicas e estruturais, digamos assim, em comum.”
São dois países de dimensões continentais, ricos em recursos naturais, formados por populações originárias de três continentes, moldados pelo colonialismo e pela escravidão. No papel, Brasil e EUA são marcados por semelhanças – e, no entanto, tomaram caminhos completamente diferentes.
Há cerca de 10 anos Fischer explora essas questões com seus alunos em uma disciplina ministrada inicialmente na Universidade Northwestern e hoje na Universidade de Chicago, onde foi batizada de Brazil: Another American History (“Brasil: Outra História Americana”, em tradução literal).
Em 18 aulas, o programa é uma imersão na história brasileira, passando pelo período colonial e o regime escravista à industrialização e formação das grandes cidades. Entre as leituras obrigatórias há desde clássicos da literatura, como Vidas Secas, de Graciliano Ramos, até autores fundamentais para entender o Brasil, como Sérgio Buarque de Holanda (O Homem Cordial) e Celso Furtado (Formação Econômica do Brasil).
A BBC News Brasil conversou sobre alguns desses temas com a professora, que é Ph.D pela Universidade de Harvard e foi diretora do Centro de Estudos para a América Latina da Universidade de Chicago entre 2015 e 2020.
De forma geral, as comparações entre Brasil e Estados Unidos costumam ser permeadas por generalizações e exageros que colocam os dois países em polos opostos que muitas vezes não existem, avalia Fischer.
É o que a historiadora chama de “ideias hiper-reais” – algo que nunca existiu de fato, mas acaba sendo colocado no debate como a essência de um determinado conceito.
Uma dessas “ideias hiper-reais” seria justamente a razão que levou Brasil e EUA a se tornarem nações tão diferentes, apesar das semelhanças estruturais. No Brasil, muita gente reproduz a ideia de que a explicação está centrada no tipo de colonização a que os dois países foram submetidos – a portuguesa, implantada no Brasil, teria sido mais brutal e restritiva, enquanto a inglesa, levada aos EUA, teria dado aos americanos maior grau de liberdade, usado para desenvolver instituições e uma democracia mais sólidas. Uma divergência que teria selado o destino dos dois países.
“Acho que uma das coisas com as quais a gente se depara no Brasil, mesmo entre pessoas com maior escolaridade, é essa ‘ideia hiper-real’ do que são os Estados Unidos. (A questão da colonização) é exatamente isso, mas os historiadores americanos não pensam mais dessa forma sobre sua história.”
O que explica então as diferenças tão profundas?
Para Fischer, uma das razões remonta ao século 19 e tem uma ligação estreita com “as relações entre indivíduos e os direitos de cidadania”.
Em ambos os países, ela diz, a escravidão foi brutal, “algo que, moralmente, não deveria ter sido institucionalizado”. O Brasil, contudo, viveu uma situação particular depois de 1831, quando o tráfico de escravizados foi proibido por lei – mas não acabou na prática.
“A partir daí, a elite e o Estado passam a conspirar para que a escravidão continuasse, ainda que ilegalmente. Entre 1831 e 1850 (ano da promulgação da Lei Eusébio de Queiroz, que reafirmava a proibição ao tráfico), algo entre 700 mil e 800 mil pessoas foram trazidas ilegalmente para o Brasil para serem escravizadas. E toda a estrutura do Estado durante esses anos foi desenvolvida para ajudar as pessoas a contornar a lei.”
“Acho que essa é uma diferença fundamental. Nos Estados Unidos, nós tendemos a legalizar as brutalidades. Tornamos legal a possibilidade de que as pessoas andem armadas na rua, por exemplo. Então muitas das coisas que aparecem nos dois países acontecem dentro da lei nos EUA e fora da lei no Brasil”, acrescenta.
“Acredito que isso, de diversas formas, ajudou a moldar a maneira como o país opera. Um dos pontos que argumento é que o poder informal se desenvolveu muito cedo no Brasil, para preservar a ‘casa grande’ (termo usado para se referir aos grandes proprietários rurais do Brasil colonial), de forma que muita gente simplesmente não tem acesso a direitos políticos e civis básicos ou tem acesso limitado a direitos econômicos e sociais, quando estes entram em cena.”
Sem esses direitos básicos, a forma como essas pessoas que estão fora do círculo das elites têm acesso ao poder, por sua vez, é fora da estrutura do Estado e da lei. “E acho que o fato de que isso absorve uma fatia tão relevante das relações de poder no Brasil, em comparação ao que tradicionalmente se viu nos EUA, explica boa parte das divergências entre os dois países”, conclui a professora.
Algumas dessas ideias estão na tese de doutorado de Fischer, resultado de uma pesquisa na cidade do Rio de Janeiro, que ganhou no ano 2000 o Harvard University Gross Prize como melhor dissertação em História. O trabalho virou livro em 2010, publicado pela Stanford Press University e intitulado A Poverty of Rights: Citizenship and Inequality in Twentieth-Century Rio de Janeiro(“Pobreza de Direitos: Cidadania e Desigualdade no Rio de Janeiro do Século 20”, em tradução literal).
Uma das ferramentas em um país em que o poder informal tem muita relevância é justamente o “jeitinho brasileiro”, que se relaciona com o conceito do “homem cordial” de Sérgio Buarque de Holanda, que está na bibliografia do curso ensinado por Fischer.
Na visão da historiadora, contudo, o “jeitinho” é outra “ideia hiper-real”, uma espécie de exagero, na medida em que está longe de ser uma exclusividade do Brasil.
“Quando há estudantes brasileiros nas minhas aulas, eles são os primeiros a mencionar o ‘jeitinho’ e dizer: ‘Ah, nós somos bastante diferentes dos EUA!’. E aí o que eu tento fazer é mostrar as diversas maneiras pelas quais as pessoas nos Estados Unidos usam o ‘jeitinho’. Não chamamos de ‘jeitinho’, mas a ideia de alguém tentar contornar as normas que não lhe favorecem é universal.”
Fischer ilustra essa discussão com um comentário sobre o antropólogo Roberto da Matta, um dos “intérpretes do Brasil” mais lidos nos Estados Unidos, que chegou a escrever que o trânsito caótico no Brasil e o hábito dos motoristas brasileiros de “fechar” e “furar” são, em certa medida, reflexos do “jeitinho”.
“Ele morava numa cidade pequena em Indiana, onde viveu quando lecionava na [Universidade de] Notre Dame, e tinha essa ideia de que nos EUA as pessoas respeitam as leis de trânsito – mas, se você estiver em qualquer grande cidade, vai ver que isso não é verdade. As pessoas atravessam fora da faixa o tempo todo, estão quebrando regras, vendendo produtos ilegalmente na rua… Todas essas coisas acontecem em toda parte aqui, então é mais uma daquelas ‘ideias hiper-reais’.”
A diferença, ela diz, é muito mais uma questão sobre como um povo vê a si mesmo.
“Acho que tem a ver com a discussão sobre como a autopercepção de uma nação de fato acaba lhe dando forma. Se você é brasileiro, a ideia de que o ‘jeitinho’ está no centro do seu mundo o legitima e o transforma em algo que as pessoas estão dispostas a fazer com maior frequência.”
“Aqui nos EUA, a ideia ‘hiper-real’ do que nos tornava diferentes era a lei e a ordem, de que nós seguimos as regras. Não era verdade, mas era como pensávamos sobre nós mesmos. Acho que isso começa a se desintegrar – nos EUA, mais e mais pessoas não confiam nas leis e no Estado. Mais pessoas não acham que a melhor forma de resolver seus problemas é respeitando as normas. A ideia do ‘jeitinho’ aqui tem cada vez mais se tornado senso comum, na forma como o tem sido há tanto tempo no Brasil.”
Uma das diferenças mais complexas entre Brasil e EUA se dá no campo das relações raciais, destaca a professora. Apesar de ambos os países terem instituído sistemas brutais de escravidão, o Brasil passou por um processo intenso de miscigenação entre brancos, negros e índios, que não se viu na mesma medida nos EUA.
Um dos fatores que ajudam a explicar os contrastes, diz a historiadora, é a própria demografia. O Brasil recebeu um volume muito maior de africanos escravizados, aproximadamente 5 milhões, ante cerca de 250 mil desembarcados nas 13 colônias que formariam os EUA, conforme a plataforma Slave Voyages, um grande banco de dados mantido por pesquisadores da Universidade de Emory, nos EUA.
Isso foi determinante para que o Brasil se tornasse um país de maioria negra, que hoje corresponde a cerca de 50% da população, conforme a classificação do IBGE que reúne quem se declarou preto ou pardo no Censo de 2010. Nos EUA, ainda que haja regiões no sul em que a população negra seja predominante, no país como um todo ela é minoria – algo entre 12% e 13% do total, atualmente.
“Acho que isso às vezes é minimizado”, diz a professora, que se prepara para lançar o livro The Boundaries of Freedom: Slavery, Abolition, and the Making of Modern Brazil (“Os Limites da Liberdade: Escravidão, Abolição e a Construção do Brasil Moderno”, em tradução livre) em coautoria com a historiadora brasileira Keila Grinberg. Prevista para 2022, a obra é editada pela Cambridge University Press.
Com uma proporção elevada de pessoas escravizadas, foram diferentes os mecanismos de controle social colocados em prática no Brasil para manter o sistema escravista vivo durante três séculos. Ainda que fosse brutal e violento, ele incorporou, por exemplo, o instrumento das alforrias. Menos recorrentes nos EUA, aqui elas foram mais largamente utilizadas, concedidas não apenas pelos “senhores de escravos”, mas compradas pelos próprios escravizados, por organizações abolicionistas e de caridade.
Outra diferença importante e que teria reflexos profundos na formação das relações raciais no Brasil foi a relativa mobilidade que corria em paralelo à lógica de violência e sujeição que marcou o regime escravista.
No Brasil, um escravizado poderia passar a vida cortando cana-de-açúcar e ver seu filho trabalhando como escravo doméstico, exemplifica a historiadora. Ela lembra as obras do pintor francês Jean-Baptiste Debret, que chegou a retratar uma espécie de “hierarquia” entre os escravizados que viviam no ambiente urbano.
Além dos escravizados que se dedicavam aos afazeres domésticos na casa de seus “senhores”, havia, por exemplo, os escravos de ganho, que trabalhavam fora – como vendedores ambulantes ou prestando serviços a terceiros – e repassavam parte do que auferiam a seus proprietários. Pesquisas como a da historiadora Ynaê Lopes dos Santos, professora de História das Américas na Universidade Federal Fluminense (UFF), apontam ainda que, no Rio de Janeiro do século 19, alguns escravizados chegavam a morar fora da casa dos “senhores”, em cortiços e imóveis alugados.
“Essa foi uma dimensão importante. Era um certo nível de mobilidade que poderia ser conquistado sem um confronto aberto à instituição da escravidão”, pontua Fischer.
Nos EUA, especialmente nas colônias do sul, essa mobilidade era praticamente inexistente e as tensões sociais, muitas vezes mais visíveis.
“A polarização era tão grande que não havia muita alternativa a não ser criar grupos de solidariedade e eventualmente movimentos pelos direitos civis.”
Os EUA implementaram uma série de normas e leis racistas que desencorajavam a miscigenação. O casamento interracial, por exemplo, foi proibido em diversas partes do país até 1967, quando uma lei do Estado da Virginia foi derrubada na Suprema Corte.
Outro exemplo prático foi a chamada “one drop rule” (“regra de uma gota”, em tradução literal), adotada em vários Estados: independentemente do fenótipo, um indivíduo com qualquer antepassado de origem africana era classificado como negro, com todas as implicações legais que isso acarretava no país. Nenhum outro grupo étnico era identificado dessa forma.
Já no Brasil, a miscigenação muitas vezes foi vista como instrumento de mobilidade social – e, nesse sentido, é fundamental para entender a forma particular de racismo que se desenvolveu aqui, que se manifesta muitas vezes de forma velada.
“Faço muita pesquisa com ações judiciais do século 19, e essa é uma das coisas mais dolorosas com as quais tenho que trabalhar como historiadora”, comenta Fischer.
“Nesses processos você consegue ver todo tipo de estratégia que as pessoas usavam para tentar melhorar um pouco suas vidas. E uma das coisas que se pode observar são pessoas que tentavam clarear a pele dos filhos. Elas querem que os filhos sejam chamados de pardos, alguns querem que eles sejam reconhecidos como brancos na certidão de nascimento. Há uma espécie de racismo internalizado, que funciona de forma parecida com a da mobilidade dentro do sistema escravista, de forma que não se confronta o racismo como sistema.”
“Então você pode ir de negro, a pardo e branco, e o racismo ainda está completamente colocado – está sendo reforçado, na verdade.”
Essas dinâmicas, completamente diferentes do racismo institucionalizado que se via em países como EUA e África do Sul, culminam na “democracia racial”, a ideia de que não havia discriminação racial no Brasil, disseminada por teóricos como o sociólogo Gilberto Freyre, autor de Casa Grande e Senzala, obra que reforça essa visão.
A historiadora comenta que a “ilusão” da democracia racial aparece inclusive na imprensa negra americana, em artigos de jornais como o Chicago Defender, que ela apresenta aos alunos no curso.
Jornalistas e sociólogos como W. E. B. Du Bois, ativista pelos direitos civis, vieram ao país no início do século 20, após a visita do presidente americano Theodore Roosevelt, e chegaram a escrever que o Brasil seria um exemplo a ser seguido no contexto das relações raciais.
“Você vê negros americanos dizendo: ‘Olha, eu fui lá e vi médicos negros, políticos, Machado de Assis, um grande escritor negro… O que eles não percebem é que essas pessoas não necessariamente são vistas como negras.”
“E isso foi muito antes de a ideia da democracia racial emergir mais formalmente no Brasil nos anos 1940.”
Esse conceito seria desmistificado por intelectuais brasileiros como Abdias do Nascimento, ativista pelo direitos dos negros e que também faz parte da bibliografia do curso de Fischer, com a obra Brazil: Mixture or Massacre (“Brasil: Mistura ou Massacre” em tradução livre).
De volta à questão do poder informal, a historiadora argumenta que ele é chave para entender o racismo no Brasil e é um dos instrumentos usados até hoje para reforçá-lo.
“Nos Estados Unidos, essa questão (sobre como o racismo é reforçado) tem um pouco mais a ver com o fato de que as instituições são abertamente e claramente racistas em suas práticas. É uma comparação interessante, porque, no fim do dia, se você é negro e pobre no Brasil, é baixa a probabilidade que você tenha acesso a direitos, e o mesmo vale para os EUA. Existe uma semelhança em relação aos resultados, mas os caminhos para se chegar a eles são bem diferentes – e tentar entender isso pode trazer benefícios para os dois países”.
Informações BBC News Brasil