ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Com piscina olímpica e quadra poliesportiva, escola Diva Matos Portela será entregue em breve

A obra da escola municipal Diva Matos Portela já foi 100% concluída. Os serviços agora estão concentrados na finalização da...
Read More

Campanha Natal de Prêmios têm início nesta quarta-feira (29)

Foto: Paulo José/Acorda Cidade A campanha Natal de Prêmios 2023 começa nesta quarta-feira (29) e segue até o dia 31...
Read More

Milei dá aula na condução da economia, FMI elogia e libera mais US$ 800 milhões

Tomas Cuesta/Getty Images O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou um relatório técnico nesta segunda-feira, 13, anunciando que o governo do...
Read More

Motorista deixa carro autônomo no automático enganando o sistema e viaja 140 quilômetros no banco de trás

foto: Reprodução  O sistema autônomo da Ford é o BlueCruise, que promete que será desativado se o veículo suspeitar que...
Read More

Dono da Ferrari compra clube brasileiro

Foto: Reprodução/Twitter O Esporte Clube Bahia, uma das equipes mais emblemáticas do futebol brasileiro, agora está sob a liderança do...
Read More

Ele está de volta: Novo Uno faz 15km/l; veja vídeo

foto: divulgação  https://www.youtube.com/embed/gQBzau6LZjk O Fiat Uno 2024 chega ao mercado determinado a conquistar sua posição, oferecendo uma excelente combinação de...
Read More

Família de brasileiro sequestrado pelo Hamas diz que Lula prometeu, mas não ajudou na libertação do refém

A angústia é constante na família de Michel Nisenbaum, que permanece nas mãos dos terroristas Apesar de duas conversas com...
Read More

Tremores de terra na Serra Gaúcha atingem 2.4 graus na Escala Richter

Abalos foram detectados nos municípios de Caxias do Sul, Pinto Bandeira e Bento Gonçalves Foto: Andréia Copini/Prefeitura de Caxias do...
Read More

Valorização da saúde mental marca início da Semana de Enfermagem

O cuidado e a valorização com a saúde mental foram os temas abordados no início da XVIII Semana de Enfermagem...
Read More

Médico sai do ES para ajudar no RS e é achado morto em abrigo

Nesta segunda-feira (13), o médico cardiologista Leandro Medice foi encontrado morto em um abrigo de São Leopoldo (RS). Ele tinha...
Read More

Dilma Rousseff engavetou estudo que previa enchentes no Sul

O governo da ex-presidente Dilma Roussef (PT) engavetou estudo que previa enchentes no Sul do Brasil. Há pelo menos dez...
Read More

Ponto a Ponto desta segunda-feira (13)

Screenshot com César Oliveira Tema: Tragédia no Rio Grande do Sul
Read More

Imagem de São Jorge na Matriz de Quintino — Foto: Reprodução/TV Globo

Imagem de São Jorge na Matriz de Quintino — Foto: Reprodução/TV Globo 

Devido ao sincretismo religioso, orixá é celebrado neste 23 de abril, Dia de São Jorge: ‘Ogum encontrou São Jorge numa encruzilhada do Rio de Janeiro’, brinca historiador. Na Guerra do Paraguai, negros levados à batalha fizeram de Ogum seu guardião.

Ogum é São Jorge? Ialorixá e historiador explicam a relação 

São Jorge é celebrado neste 23 de abril. Ogum, o orixá do ferro e da guerra, também. 

No Rio de Janeiro, fiéis de várias regiões madrugam para homenagear o santo e o orixá. Nas alvoradas, os devotos lançam fogos, e igrejas católicas celebram missas logo cedo. À tarde, muitos se reúnem para comemorar a data com feijoada e cerveja gelada (veja o guia das feijoadas desta terça-feira). 

Mas Ogum é São Jorge? Veja abaixo o que dizem estudiosos e religiosos. 

“São divindades diferentes. Ogum é um orixá africano, um homem preto. Porém, no Brasil, a associação entre orixás e santos católicos foi necessária”, diz Preta Lagbara, mãe de santo dirigente do terreiro Ilê Axé Exu eti Ogum, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Para a sacerdotisa, ainda que Ogum e Jorge sejam personagens históricos diferentes, o sincretismo religioso entre divindades africanas e santos católicos permitiu que a religião permanecesse viva, uma vez que o culto às divindades africanas era proibido no Brasil. 

“Nossas mais velhas eram muito sábias. Elas cultuavam essas imagens e deixavam o assentamento dos orixás por baixo do altar.Quando se chegava aos terreiros, viam as imagens dos santos católicos e entendiam que ali se cultuava o catolicismo, e não o candomblé”, explica a sacerdotisa. 

Segundo a tradição católica, Jorge, o santo, nasceu na Capadócia, na Turquia. Já Ogum, originalmente, era cultuado no território que atualmente corresponde à Nigéria – a mais de 7 mil quilômetros da Península da Anatólia. 

Na África, Ogum é o ferreiro dos orixás, ligado à guerra e à agricultura. Em algumas lendas, aparece como uma das primeiras divindades a chegar à Terra, o “Ayiê”, vindo do “Orum”, o Céu, para a criação. Noutras, Ogum foi humano, assim como São Jorge.

“Ele é cultuado na cidade de Irê-Ifé. E sim: Ogum teve vida terrena. Até hoje, em terras iorubás, existe ainda o lugar onde disseram que Ogum sumiu”, diz Preta. “Também era um grande guerreiro, um grande provedor, porque as ferramentas dele serviam para o plantio, para alimentar toda a sua comunidade.” 

Já o pesquisador e historiador Luiz Antônio Simas, que é iniciado no culto a Ifá, uma religião tradicional africana, explica que história e mitologia se misturam quando se trata de biografias de orixás. 

“Você tem mitos que o colocam como um orixá anterior à criação do mundo. Por outro lado, há mitos em que ele é esse personagem histórico. Teria sido rei de Irê, que, em certo momento, se divinizou. Um ancestral que se divinizou”, diz Simas.

O historiador explica ainda que o orixá é cultuado em outras religiões de matriz africana, como na umbanda, e ainda em outros países, como no Haiti e em Cuba. 

A relação entre Ogum e a agricultura, no entanto, se perdeu por conta da escravidão. 

“No Brasil ele vai perdendo essas características. E é normal que perca! Porque a agricultura, na história da escravidão, está ligada ao horror do cativeiro”, complementa Simas. 

Associação com São Jorge não é regra

Nem todos os fiéis do ferreiro dos orixás o associam ao Santo Guerreiro. Nos cultos da Bahia, por exemplo, São Jorge foi sincretizado com outra divindade, Oxóssi. Mas, para Simas, em nenhum outro lugar a relação entre Ogum e São Jorge se estreitou tanto como entre os cariocas. 

“Ogum encontrou São Jorge numa encruzilhada no Rio de Janeiro.”

Ainda que São Jorge e Ogum sejam celebrados com feijoadas (veja um roteiro das feijoadas desta terça), originalmente esta não era uma comida oferecida ao orixá. 

“Aqui no Brasil, as pessoas as pessoas têm esse costume de fazer feijoada para Ogum. Porém, no continente africano, a comida que a gente oferece é o inhame-cará. Também se oferece o feijão torrado”, explica Preta Lagbara. 

Não se sabe o porquê da associação entre um dos pratos mais tradicionais da gastronomia brasileira e o orixá da guerra. 

Mas Simas arrisca: “Existem hipóteses para isso, desde a comida que te dá força, até o fato de o feijão ser um alimento rico em ferro, e Ogum é o orixá do ferro. É a diáspora que faz com que a feijoada seja uma alimentação votiva de Ogum”.

‘Ogum já jurou bandeira nos campos de Humaitá’

Outra religião que cultua Ogum é a umbanda. Diferente do candomblé, e de outras religiões de matriz africana, a maioria dos “pontos” (cânticos para louvar as entidades) é entoada em português. Alguns deles associam Ogum a um lugar chamado Humaitá. 

“Ogum já jurou bandeira nos campos do Humaitá. Ogum já venceu demanda, vamos todos saravar”

“Caboclo mora na mata, Ogum lá no Humaitá. Xangô mora na pedreira, e a sereia lá no mar”

Humaitá é uma palavra de origem indígena. O IBGE, ao explicar o significado do nome – que se refere também a uma cidade no Amazonas –, o traduz como: “a pedra agora é negra”. 

Mas o Humaitá citado nos “pontos” pode, na verdade, se referir à Fortaleza do Humaitá, local estratégico na Guerra do Paraguai. Depois que as tropas brasileiras tomaram o forte, o exército pôde avançar sobre os então inimigos paraguaios. 

“A guerra do Paraguai é uma guerra em que a infantaria brasileira, a linha de frente, é muito marcada pela presença do negro. Existe uma fortaleza do Humaitá, que é vista como concretude, em que os negros brasileiros lutaram sob a Guarda de Ogum. Mas ela acaba ganhando uma dimensão também mística de um território do invisível onde essas espiritualidades estão também atuando”, explica Simas.

g1 conversou com o doutor em história André Toral, autor de uma pesquisa sobre a participação negra na Guerra do Paraguai. Ele explica que, ainda que pessoas escravizadas correspondam a cerca de 4% a 7% da infantaria brasileira no conflito, a maioria dos soldados era de negros, mesmo que libertos. 

“Os escravizados podiam participar da guerra como ‘substitutos’. Eram aquelas pessoas que os brancos ricos mandavam para a guerra para lutar em seu lugar. Se o cara era branco e rico, ele poderia mandar os escravos dele”, revelou Toral, que concorda com Simas quando se trata da memória acerca do episódio da tomada do Humaitá.

“O Humaitá foi, sem dúvida, a mais sangrenta posição que o Brasil conquistou. O Humaitá tem uma memória nesse sentido. Não é patriótico. É de sofrimento. É uma memória de dor”.

Informações G1

Comente pelo facebook:
Comente pelo Blog: