O chamado “Eixo da Resistência” é uma aliança informal de países e milícias do Oriente Médio liderada pelo Irã, que inclui a Síria, o grupo libanês Hezbollah, o palestino Hamas, os rebeldes houthis no Iêmen e milícias xiitas no Iraque, Afeganistão e Paquistão.
O que une essas organizações é sua oposição ao Ocidente. Elas se apresentam como a “resistência” à influência dos Estados Unidos e de seu aliado Israel na região.
O grupo representa uma ameaça direta a Israel e é também uma maneira de o regime fundamentalista do Irã ampliar sua influência no Líbano, no Iraque, na Síria, no Iêmen e na Faixa de Gaza.
Em 24 de agosto, o ministro do Exterior do Irã, Abbas Araghchi, destacou o apoio do país aos grupos islâmicos que compõem o Eixo da Resistência e definiu o vínculo com esses movimentos como um dos fundamentos da política externa do Irã.
Estes são os principais membros do Eixo de Resistência:
O grupo xiita Hezbollah tem laços estreitos com o Irã, que contribuiu amplamente para seu financiamento e crescimento desde que ele foi fundado, em 1982, após a segunda invasão israelense, com o apoio da Guarda Revolucionária do Irã.
O Hezbollah controla grande parte do Líbano, onde funciona como uma espécie de “Estado dentro do Estado”, sendo frequentemente considerado mais poderoso que o Estado libanês.
É uma milícia bem treinada, tida como a força militar não-estatal mais poderosa do mundo, com um arsenal de 150 mil foguetes e mísseis, segundo estimativas dos EUA. Sua força de combate inclui de 20 mil a 100 mil combatentes, segundo diversas estimativas. O grupo tem ainda uma extensa rede de túneis perto da fronteira do Líbano com Israel.
Desde julho, Israel matou as principais lideranças do Hezbollah, incluindo o líder, Hassan Nasrallah, que foi morto num ataque aéreo perto de Beirute.
O grupo islâmico palestino Hamas governa a Faixa de Gaza desde 2007 e recebe apoio econômico, militar e tecnológico do Irã.
Fundado em 14 de dezembro de 1987, cinco dias após o início da Intifada, é uma organização sunita, ao contrário da maioria no Eixo da Resistência. Seus laços com o Irã remontam à década de 1980 e, apesar de desentendimentos nos últimos anos, principalmente em relação à Síria, o relacionamento continua até hoje.
Desde o ataque terrorista do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, muitos líderes do grupo foram mortos, incluindo seu ex-líder político Ismail Haniye, que foi morto em sua casa em Teerã num ataque não reivindicado atribuído a Israel, em 31 de julho.
O Irã também apoia em Gaza a Jihad Islâmica Palestina, o segundo maior grupo armado na Faixa de Gaza, e seu braço armado, as Brigadas Al Quds (Brigadas de Jerusalém).
O movimento xiita Houthi estabeleceu o controle sobre grande parte do Iêmen durante uma guerra civil que começou em 2014, quando tomou a capital, Sanaa, e derrubou o governo, que era apoiado pela Arábia Saudita, a principal potência muçulmana sunita da região e o principal rival do Irã pela influência regional.
Hoje os houthis controlam Sanaa e grande parte do norte e do sul do país, com o apoio político e militar do Irã. Esse apoio faz parte de uma chamada “guerra por procuração” entre o Irã e a Arábia Saudita, que lidera a coalizão militar que interveio no Iêmen em 2015 contra os rebeldes houthis e em apoio ao governo deposto, dando origem à pior catástrofe humanitária do planeta.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, os houthis se posicionaram a favor da milícia palestina, lançando mísseis de cruzeiro e drones contra Israel e realizando ataques à navegação no Mar Vermelho, o que levou a uma redução significativa no tráfego de mercadorias pela área.
Nos últimos anos, a Arábia Saudita apoiou os esforços diplomáticos para pôr fim à guerra e, em setembro passado, recebeu negociadores houthis em Riad.
Grupos xiitas ligados ao Irã surgiram como poderosos atores no Iraque após a invasão liderada pelos EUA em 2003, criando milícias com dezenas de milhares de combatentes. Por meio dela, o Irã ampliou sua influência política e econômica no país vizinho.
Um grupo que reúne diversas facções armadas islâmicas xiitas, chamado Resistência Islâmica no Iraque, é um dos principais membros do Eixo da Resistência e, desde o início da guerra em Gaza, reivindicou vários ataques com drones e mísseis contra Israel, bem como contra bases militares dos EUA em territórios iraquianos e sírios.
A Resistência Islâmica no Iraque começou a atacar as forças dos EUA estacionadas no Iraque e na Síria em outubro, dizendo que seu objetivo era responder aos ataques israelenses em Gaza e resistir às forças dos EUA posicionadas no Iraque e na região.
Os ataques cessaram depois que um ataque de drone matou três soldados dos EUA na Jordânia em 28 de janeiro, o que provocou fortes ataques aéreos de retaliação dos EUA contra alvos ligados ao Irã na Síria e no Iraque.
Os grupos armados xiitas que lutam como parte do Hashd al-Shaabi, ou Forças de Mobilização Popular, desempenharam um papel de liderança no Iraque na luta contra o grupo terrorista sunita Estado Islâmico, que controlou partes do Iraque e da Síria entre 2013 e 2017.
Embora os membros desses grupos armados xiitas recebam salários do Estado e estejam teoricamente sob a autoridade do primeiro-ministro, eles geralmente operam fora da cadeia de comando militar iraquiana.
Os grupos que atacaram as forças dos EUA incluíam as Brigadas do Hezbollah e o Nujaba, ambos intimamente ligados à Guarda Revolucionária do Irã. Seu arsenal inclui drones explosivos, foguetes e mísseis balísticos.
A Síria é um importante aliado do Irã, que mantém uma forte presença armada no território sírio, incluindo conselheiros iranianos e milícias pró-iranianas, como o Hezbollah e a Jihad Islâmica, entre outros. Foram disparados projéteis do país árabe contra o território controlado por Israel, o que provocou uma resposta israelense em território sírio.
Informações UOL