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Seleção francesa, assim como outras da Europa, é marcada pela presença de muitos jogadores negros - James Williamson/Getty Images
Seleção francesa, assim como outras da Europa, é marcada pela presença de muitos jogadores negros Imagem: James Williamson/Getty Images

Vinte anos separam os dois títulos mundiais da seleção francesa. Em 1998, Zinédine Zidane brilhou e, em 2018, o jovem Kylian Mbappé foi o grande destaque dos bleus. Além de ídolos na França, ambos possuem outra característica em comum: a origem africana. Zidane é descendente de argelinos, e Mbappé tem mãe argelina e pai camaronês.

Essa característica é muito comum nas seleções francesas. Na primeira Copa do Mundo, disputada no Uruguai em 1930, a França tinha em seu elenco dois jogadores que nasceram na Argélia. Um deles, inclusive, Alexandre Villaplane, foi capitão do time e o primeiro atleta argelino a defender a França. Uma curiosidade: Villaplane foi condenado à morte por ter colaborado com os nazistas na década de 1940.


Voltando à história das Copas, não é algo incomum ter jogadores descendentes de imigrantes ou até mesmo nascidos em outros países compondo as seleções europeias. Ainda falando da França, na Eurocopa de 1996, dos 22 jogadores convocados, 15 tinham ascendência estrangeira e, por conta disso, a equipe ganhou o apelido de BBB: blanc, black et beur (branco, negro e árabe).

Já na Copa do Mundo de 2014, que aconteceu no Brasil, por exemplo, pela primeira vez, todos os times de países que estão na União Europeia tiveram pelo menos um jogador de origem imigrante. Mas por que isso acontece?

Seleção Francesa na UEFA Nations league - Soccrates Images/Getty Images - Soccrates Images/Getty Images
Entre os jogadores negros da Seleção Francesa estão Kylian Mbappé, Ferland Mendy, Benoit Badiashile, Varane eYoussouf FofanaImagem: Soccrates Images/Getty Images

A resposta mais curta seria colonialismo. A França invadiu e colonizou inúmeros territórios africanos. Se você se lembra de suas aulas de História, uma conferência realizada em Berlim em 1884 ficou conhecida como “Partilha da África”. Ali, países europeus dividiram entre si o continente africano escravizando e explorando a população local. Uma curiosidade: por ter conseguido menos território, a Alemanha se sentiu prejudicada e esse foi um dos motivos da Primeira Guerra Mundial.

Mas, afinal, por que há tantos imigrantes e descendentes de imigrantes na Seleção Francesa?

A seleção de um país, de modo geral, reflete a sociedade que ela representa. A França, assim como toda a Europa, é uma sociedade multicultural, ou seja, que possui muitas culturas em um mesmo local. Isso porque o continente passou por diversas ondas de migração não só internas, mas de pessoas de outros continentes.

Contudo, em entrevista a Ecoa, Guilherme Freitas, autor do livro “As seleções de futebol da União Europeia: identidade, migração e multiculturalismo através da bola” (2022), explica outros fatores que levam para maior diversidade cultural e étnica em seleções europeias:

Migração: ondas de trabalhadores vão para o continente após a Segunda Guerra Mundial para ajudar na reconstrução dos países e acabam ficando por ali e constituindo família.

União Europeia: o bloco, que surgiu depois da Segunda Guerra Mundial, ao longo das décadas vai adicionando mais e mais países e liberando a livre circulação de pessoas dentro do continente.

Jogadores estrangeiros: a Europa foi o grande centro do futebol dos anos 1990, e, com isso, os grandes jogadores vão para lá levando a um intercâmbio maior entre vários países do mundo.

Políticas públicas: as políticas de acolhimento dos imigrantes foram mudando ao longo do tempo. A França, por exemplo, criou nos anos 1970 um centro de treinamento para investir no seu futebol e, consequentemente, expandiu esses centros para as periferias. Assim, os filhos de imigrantes começam a jogar bola também. A Alemanha recentemente fez um projeto semelhante. Assim, vai crescendo esse movimento de criação de projetos de inclusão através do esporte.

Por que há tantos negros na seleção?

A França é um dos principais destinos na Europa para refugiados, muitos deles africanos. Além disso, o processo migratório francês também está ligado ao fato do país ter colonizado boa parte dos países do noroeste da África como a República do Congo e a Mauritânia, países de origem dos jogadores Presnel Kimpembe e Ousmane Dembélé, respectivamente.

Kylian Mbappe - Quality Sport Images/Getty Images - Quality Sport Images/Getty Images
Mbappé, jogador francês mais jovem a marcar numa Copa representa a segunda geração de imigrantes da França. O jogador nasceu em Paris, mas seus pais são do continente africano.Imagem: Quality Sport Images/Getty Images

Segundo o INSEE (Instituto de Estatística e Estudos Econômicos da França), os filhos de imigrantes correspondem a 12% da população francesa, ou seja, 7,5 milhões de pessoas. Os mais jovens, 53%, são majoritariamente da África.

Qual é a reação a isso?

Nos times e seleções europeias, o preconceito racial que vem da torcida, muitas vezes, é explícito nos jogos e esse comportamento está ligado à imigração.

“Quando a gente vê uma manifestação racista e xenofóbica através nos estádios, esse tipo de coisa não acontece só para atingir o atleta, mas para atingir tudo o que ele representa. Embora esses jogadores não sejam necessariamente imigrantes, eles são descendentes”, comenta Guilherme Freitas.

De acordo com o pesquisador, boa parte desse comportamento surge quando os atletas perdem o jogo dentro de campo ou, mesmo ganhando, não atuam bem.

“Na seleção francesa, por exemplo, o atleta que tem uma origem migratória e um bom desempenho, essa questão de imigração é vista de forma positiva como alguém que se integrou à sociedade, um caso de sucesso”, diz Freitas. Mas, se o jogador perde, a coisa muda.

“Se o resultado em campo é ruim ou ele é o culpado pela derrota, o jogador passa a ser visto como um exemplo de que a imigração não dá certo ou como alguém que não se esforçou o suficiente para se integrar aos costumes franceses”, completou.

Como a Copa do Mundo pode entrar nisso?

Equipes com perfis multiculturais, ou seja, que têm atletas de ascendência estrangeira, estão crescendo de 1990 para cá, segundo levantamento feito por Freitas. Sendo assim, o assunto é cada vez mais discutido na sociedade e mais pesquisa no setor acadêmico é feita sobre o assunto.

“Na Copa do Mundo, um evento que atinge bilhões de pessoas no mundo todo, a gente vai ter, sim, esse tema bastante discutido, ainda mais que estamos tendo agora uma onda mais conservadora na Europa. Assim, imagino que as seleções podem ser usadas como exemplos positivos.”none

Guilherme Freitas autor do livro “As seleções de futebol da União Europeia: identidade, migração e multiculturalismo através da bola” (2022)

Informações UOL

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