Que muita gente adora curtir uma boa balada quando viaja não é novidade. Mas nem sempre é preciso sair pela cidade atrás da melhor delas: os chamados “party hotels” (algo como “hotéis festeiros”) são cada vez mais comuns.
Muitos dos grandes resorts all inclusive do Caribe sempre tiveram seus próprios clubs e boates, assim como os grandes navios.
Os hotéis de Las Vegas, que apesar de não terem “tudo incluído” operam de maneira bem semelhante e, hoje, todos eles têm sua própria boate. Dos mais de 40 milhões de visitantes anuais de Las Vegas, quase 60% paga para assistir pelo menos a um show ou apresentação de DJs famosos (segundo o LVCVA, o escritório de turismo e convenções do destino).
Cada vez mais hoteleiros e investidores poderosos estão lançando novos conceitos de vida noturna aliados à hospitalidade — inclusive em hotéis menores, mais urbanos e exclusivos.
Ian Schrager, que no passado transformou o lendário Studio 54 em ícone da vida noturna, é um dos nomes por trás do sucesso dos hotéis Edition, uma das marcas de luxo “descolado” da Marriott International. A propriedade da marca na Times Square, por exemplo, possui um híbrido de boate e cabaré, o Paradise Club, que demandou altos investimentos e faz bastante sucesso.
Assim como ele, cada vez mais empresários do setor estão entendendo que unir um design sedutor e serviço de qualidade com diferentes formas de entretenimento podem ser o pulo do gato para o sucesso de um hotel.
Algumas marcas hoteleiras, aliás, já nasceram com essa pegada. É o caso dos W Hotels, outra marca de lifestyle descolado da Marriott – e que, aliás, esse ano abrirá em São Paulo sua primeira propriedade no Brasil.
A maioria dos hotéis W tem sua própria balada em casa, do elegante W Santiago, no Chile, ao peculiar W Mexico City. E elas costumam reunir com frequência não apenas turistas hospedados ou não ali como também muitos moradores das cidades nas quais estão presentes.
A tendência não está tomando apenas marcas de luxo da hotelaria. Um bom exemplo está justamente em uma marca sempre focada em hotéis mais econômicos: a Moxy Hotels. Com propriedades que geralmente se assemelham a albergues descolados, os hotéis da marca sempre têm seus próprios (e agitados!) clubs e boates.
O Magic Hour do Moxy Times Square e o The Fleur Room do Moxy Chelsea são ótimos exemplos. Essas baladas, bem nova-iorquinas, têm seguranças controlando a entrada dos clientes com cordas e extensas filas, como nos filmes. Já o Moxy NYC East Village criou o rooftop Little Sister, de vibe mais intimista, como uma grande festa em casa.
A empresa americana Lightstone, a investidora por trás dos hotéis Moxy de Nova York, planeja abrir outras propriedades da marca também em Los Angeles e Miami – todas nesse mesmo estilo, com seus próprios locais de balada e diversão noturna.
Nova York, aliás, é terreno fértil para hotéis focados na vida noturna. O Equinox Hotel Hudson Yards é um bom exemplo: ali diversão sempre foi parte fundamental da experiência hoteleira e Electric Lemon oferece festas com vista para o rio Hudson.
Já o The James New York tem no Seville música ao vivo e entretenimento noturno constante. O WXYZ do Aloft Manhattan Downtown é uma versão discoteca do bar presente em outros hotéis da marca, com direito a shows ao vivo e DJ. E o Standard High Line New York, no badalado Meatpacking District, tem na cobertura a boate Le Bain, que recebe DJs famosos – com o plus de oferecer uma tremenda vista para Manhattan enquanto os clientes se divertem.
Londres também é outra cidade famosa por suas baladas instaladas em hotéis, dos bairros mais sisudos aos mais descolados. O Twenty Two, em Mayfair, tem entre os frequentadores de seu badalado club cheio de veludo no décor figurões celebridades como Katy Perry e Idris Elba.
O The Standard, em Kings Cross, aposta em coquetéis sofisticados e fartura de espaços para manter o clima de festa sempre vivo, seja no lobby, no Decimo ou no Sweeties. Até o The Goring, o hotel queridinho de alguns membros da família real no bairro de Belgravia, é palco constante de altas festas com DJs e música ao vivo, sobretudo no verão.
É claro que as reservas dos quartos e suítes continuam sendo o grande responsável pelas finanças saudáveis dos hotéis. Mas lucros obtidos com alimentos, bebidas e entretenimento podem ser extremamente significativos na rentabilidade geral da propriedade.
Além disso, todas as experiências oferecidas por um hotel abertas também a não-hóspedes dão maior visibilidade geral a ele e acabam direta ou indiretamente ajudando a manter altas suas taxas de ocupação ao longo do ano, em um círculo vicioso extremamente saudável. Investir em vida noturna é cada vez mais visto na hotelaria como um bom caminho para o sucesso.
Por outro lado, os grandes empresários da vida noturna internacional também querem cada vez mais se associar à indústria da hospitalidade e pegar uma bela fatia desse mercado. O Grupo Hakkasan, por exemplo, tem baladas instaladas em diferentes hotéis e destinos e chegou a investir mais de US$ 100 milhões (cerca de R$ 525 milhões) em apenas um de seus nightclubs.
Até hotéis bastante tradicionais e de aura mais glamurosa estão investindo nesse segmento. Caso, por exemplo, do grupo SBM, do refinado Hôtel de Paris Monte Carlo, no principado de Mônaco – com direito a restaurante estrelado comandado por Alain Ducasse e décor inspirado na Belle Époque.
Sua Jimmy’z é uma das baladas mais rentáveis da hotelaria internacional – e o maior revendedor do champagne Dom Pérignon de toda a Europa. O nightclub à beira-mar chega a cobrar 2.500 euros (cerca de R$ 14,2 mil) por uma reserva de mesa e 800 euros (cerca de R$ 4574) por uma garrafa de champanhe, provando que a festa não pode mesmo parar.
Informações UOL