Pense num cara destemido. Ele era a personificação da coragem. Poderia ser um general a comandar exércitos vitoriosos ao estilo Napoleão, no campo de batalha.
A medicina foi seu desafio. A gastroenterologia, a sua especialidade. Cirurgião, o bisturi era o seu instrumento para salvar vidas.
A sua guerra não era a das nações, mas a da saúde pública. Seu espírito aristocrático de querer e fazer o melhor foi travado, quando dirigiu o hospital geral de sua cidade: Feira de Santana.
Interesses nem um pouco republicanos impediram que sua gestão desse um exemplo nacional de como o serviço público pode ser executado de forma digna e eficiente numa área tão delicada quanto a saúde.
Ele não se calou diante do que testemunhou das mazelas da saúde pública em nosso país. Escreveu dois livros que descrevem a tragédia do Sistema Único de Saúde, o SUS.
Tiveram beneficiários das maracutaias que tentaram lhe punir na Justiça pelas verdades que denunciou. Com bravura, enfrentou-os e o veredito não poderia ter sido outro: vitória em todos os processos.
Veio a pandemia e o médico-guerreiro permaneceu altivo e combativo na defesa da liberdade, do direito do exercício livre da medicina sem o controle ideológico e totalitário que permeou as ações governamentais.
Eduardo Leite é o nome desse feirense, talento da medicina e cidadão exemplar, que planta a saudade, ao se despedir nesta terça-feira (24) nos corações daqueles que tiveram a honra e glória de conviver com ele.
Meus sentimentos a Leda, Thiago, Diego, Dudu e toda a família deste médico-guerreiro, sinônimo de coragem.
Pacheco Maia é jornalista.
*Site Toda Bahia