Foto: Reprodução.
Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset Management, analisa a situação econômica brasileira em meio a uma inflação surpreendentemente baixa e um cenário fiscal desafiador. Durante um evento do UBS nesta terça-feira, 30, Stuhlberger destacou que, apesar da inflação em declínio, o déficit fiscal brasileiro pode atingir a marca de R$ 80 bilhões, distante do equilíbrio almejado pelo governo.
Embora reconheça que o valor do déficit não seja ideal, Stuhlberger ressalta que o mercado já incorporou essa projeção nos preços dos ativos. Ele prevê uma inflação em torno de 3,40% este ano, podendo ser ainda menor, dependendo da trajetória dos preços da energia.
“Acredito que as reformas feitas pelo (Jair) Bolsonaro e pelo (Michel) Temer estão deixando a gente crescer mais sem ter inflação, o que é muito bom”, disse Stuhlberger, ao justificar o otimismo moderado em alocar recursos em ativos brasileiros.
Sobre o teto de gastos, Stuhlberger observa que o orçamento de 2024 prevê um gasto público de R$ 300 bilhões a R$ 350 bilhões acima do limite anteriormente estabelecido. Isso inclui os pagamentos acumulados dos precatórios, o que contribui para uma situação fiscal desafiadora.
Apesar das preocupações fiscais, Stuhlberger considera o Brasil um lugar atraente para investimentos moderados, destacando as reformas implementadas pelos governos anteriores. Ele acredita que o país tem potencial para crescer sem gerar inflação significativa, o que é positivo para os investidores.
Quanto ao cenário internacional, Stuhlberger não prevê uma quebra abrupta na China, mas sim um declínio gradual nas taxas de crescimento, com o país exportando deflação para o mundo. Ele destaca que a balança comercial chinesa permanece forte, com exportações de bens de alta qualidade para diversos mercados.
Por fim, Stuhlberger comenta sobre a expectativa de aumento dos juros nos Estados Unidos e na Europa, o que pode beneficiar os investimentos em mercados emergentes.
O gestor enxerga que os mercados estão prontos para uma realidade com juros mais altos nos EUA permanentemente. “Mesmo com inflação americana de 2% (ao ano), se tiver Fed Funds a 4% ao ano, ainda vai ter percepção de juros real alta”, afirmou.
Stuhlberger comenta ainda que o Banco Central Europeu (BCE) foi o último a começar a subir os juros. “Eles enxergaram pelo retrovisor a inflação chegando, agora fazem a mesma coisa com a inflação desacelerando.” Isto leva a um cenário positivo para investimentos em mercados emergentes, aponta o gestor.
Com informações do Estadão.