“Não leve seu filho pequeno para ver o filme da Barbie.” O conselho de uma mãe brasileira que levou a filha menor de 12 anos para assistir ao longa que tomou conta dos cinemas mundiais viralizou na internet.
No vídeo, ela diz que o filme realmente é para maiores de 12 anos e que crianças pequenas não conseguem entender o tema, a história e a linguagem da produção. Também conta que sua filha ficou entediada, pedindo para ir embora da sessão e só sossegou depois que ela lhe entregou o celular.
A opinião é compartilhada por espectadoras ouvidas pela Folha. “As mensagens que o filme traz realmente não são para crianças pequenas”, avalia a cabeleireira Eliana Veloso.
A filha de Eliana, Vitoria, 12, é apaixonada pela Barbie —sua coleção ultrapassa 30 modelos da boneca—, e há meses ela dizia à mãe que queria assistir ao filme na estreia. Elas conseguiram comprar os ingressos para o primeiro dia de exibição e foram a caráter, vestidas de rosa, para o cinema em um shopping da zona leste de São Paulo.
“Por ser sobre a Barbie, uma boneca, não prestei atenção na classificação indicativa. Para mim, era livre”, diz Veloso. Durante o filme, porém, questões como a liberdade feminina e o palavrão disfarçado por um sinal sonoro ligaram o alerta. “Descobri ao final que era um filme para pessoas a partir de 12 anos”, relata.
Para a mãe, o longa possui mensagens importantes, como a valorização da beleza independentemente das cores e formatos dos corpos, a crítica ao machismo e a possibilidade de as mulheres seguirem a carreira que desejarem, mas direcionadas mais a mulheres maduras do que ao público infantil. “Toda mulher já quis ser Barbie um dia e o filme mostra que todas somos, todo mundo pode ser a Barbie na sua própria beleza”, comenta.
Vitoria concorda. “Tem Barbie de cadeira de rodas, Barbie grávida, Barbie negra. Todo mundo pode ser uma Barbie.”
A diversidade também chamou a atenção da professora Adriana Gomes, que foi ao cinema acompanhada da nora e da neta de 14 anos. “Não ficou só na loirinha bonitinha”, diz.
Ela pretende recomendar o filme para seus alunos do ensino fundamental 1, mas apenas para aqueles a partir de oito ou nove anos. “Nessa idade, já podemos conversar sobre diversidade a partir do filme”, opina.
A dona de casa Patrícia da Silva Santos ainda não assistiu ao filme, mas planeja ver o longa com a filha de dez anos no próximo fim de semana. “Entendi por alguns comentários que é um filme mais para adultos do que para crianças, mas vou levá-la também porque eu amo muito a Barbie e passei esse amor para ela.”
Já na casa da jornalista Ana Paula Freire Artaxo o cenário é outro. Sem saber da classificação do filme, ela perguntou à filha de seis anos se gostaria de ir ao cinema, e a resposta foi inusitada: “Barbie é para meninas cheias de fru-fru. Sou mais a Wandinha!”, em referência à personagem de “A Família Addams” que virou série na Netflix.
“Não sei de onde ela depreendeu esse estereótipo de admiradoras da Barbie”, conta Artaxo. “Como ela adora ciência, eu disse que a Barbie hoje está mais empoderada, representando mulheres que fizeram história. Nós temos uma Barbie Frida Kahlo em casa.”
No resumo da análise do filme dirigido por Greta Gerwig, a Secretaria Nacional de Justiça, responsável pela política de classificação indicativa, explica que os próprios responsáveis pela obra indicaram que a classificação pretendida era “não recomendado para menores de 12 anos”, o que coincidiu com o parecer dos avaliadores.
Para os responsáveis pela análise, o filme apresenta violência fantasiosa, angústia e consumo de droga lícita em grau de incidência médio. Também aparecem, com incidência baixa, características como linguagem depreciativa, estigma ou preconceito, apelo sexual e nudez velada.
Esses aspectos, porém, são atenuados por alguns fatores. “O consumo de droga lícita é atenuado por simulação; a linguagem chula é atenuada por composição de cena; o estigma ou preconceito é atenuado por contexto cômico ou caricato e por contraponto; e a obra apresenta conteúdo positivo”, afirma o parecer.
No balanço desses aspectos, os avaliadores decidem que não se trata de uma obra de classificação livre, pois há violência, linguagem imprópria e temas sensíveis.
A questão da idade já havia gerado polêmica no início do mês, quando o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) pediu a suspensão da exibição do primeiro teaser do filme em sessões com classificação aberta a menores de 12 anos.
Construído como uma referência à abertura de “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, o teaser apresentava várias meninas destruindo suas bonecas após o surgimento da Barbie.
Para o Conar, o vídeo possuía cenas de “não urbanidade, ausência de boas maneiras ou ato violento/inseguro”, por isso a suspensão.
Fonte: Folha de São Paulo.
Em “Blood and Gold“, um soldado pária e um fazendeiro exigente partem para encontrar a salvação durante a Segunda Guerra Mundial. Um filme cheio de segredos e emoções. O novo longa-metragem da plataforma de ‘streaming’ promete animar os espectadores.
A Netflix traz um dos filmes mais esperados de 2023: Blood and Gold. Ambientado nos tempos turbulentos da Segunda Guerra Mundial, o filme promete surpreender o público com uma trama envolvente e cheia de reviravoltas.
O personagem principal, Henrique, brilhantemente interpretado por Robert Maaser, nos conduz por uma jornada repleta de crenças quebradas, exaustão acumulada e uma busca incansável pela salvação. O roteirista Stefan Barth introduz elementos místicos e metáforas cristãs que aprofundam a personalidade de Henrique, um homem que busca redenção por meio de seus próprios sacrifício.
A trama segue com Henrique, um soldado alemão expulso em busca da filha e de uma nova oportunidade. Seu destino supera o da corajosa jovem agricultora Elsa, interpretada por Marie Hacke. Em um encontro inesperado, Elsa salva Henrique da morte certa e oferece a ele abrigo em sua fazenda.
Enquanto isso, a SS procura um tesouro judeu escondido em um vilarejo próximo. A resistência local é feroz contra a transferência do ouro, levando a uma batalha sangrenta sobre sua propriedade na igreja local. O diretor ‘Peter Thorwarth’ retrata habilmente a desolação dos personagens e dá vida à trama, explorando suas contradições e anseios.
Thorwarth nos leva a uma jornada que transcende a espiritualidade e mergulha nas profundezas da guerra, revelando até mesmo o romance tardio entre Elsa e Henry. Elsa se torna uma figura redentora para Henry, e “Blood and Gold” revela que nem todos os personagens têm acesso ao ouro, revelando que seu verdadeiro valor pode não ser o que você pensa.
Informações Brazil Greece
‘Acerto de contas Parte 1’ deixa franquia mais absurda e clichê do que deveria, mas Tom Cruise e Hayley Atwell garantem bons momentos. Filme estreia no Brasil na próxima quarta-feira (12).
Inteligência artificial é a grande vilã de “Missão: Impossível – Acerto de contas Parte 1”, sétimo filme da saga (que outrora foi) de espionagem estrelada por Tom Cruise – algo que até soa muito contemporâneo, mas que nunca consegue passar do superficial e do clichê.
Tanto que o próprio roteiro, que apresenta uma entidade digital semi onisciente como o antagonista da vez, parece ter sido escrito por um ChatGPT da vida. O novo filme estreia nos cinemas brasileiros na próxima quarta-feira (12), com sessões especiais já no sábado (8) e no domingo (9)
Tudo bem, ninguém assiste às estripulias do ator de 61 anos – que mais uma vez, para variar, dispensa dublês em suas cenas – por causa de um enredo complexo.
Mas nem sempre foi assim. 24 anos depois, é fácil esquecer que a franquia cinematográfica, uma adaptação da série de mesmo nome dos anos 1960, começou como uma belíssima história de espião, intrigas e reviravoltas.
Os últimos dois filmes, “Nação secreta” (2015) e “Efeito Fallout” (2018), eram os melhores desde o primeiro exatamente por equilibrarem melhor a espionagem com a ação.
Para os fãs do gênero, é triste ver o lado descerebrado voltar à tona – mas quem prefere tiros e peripécias não tem do que reclamar.
Missão: Impossível – Acerto de contas parte 1
“Acerto de contas Parte 1” é, como o nome deixa claro, a primeira metade de uma história dividida em duas. A conclusão tem estreia prevista para junho de 2024.
Nessa metade, o espião infalível Ethan Hunt (Cruise) aceita a missão impossível de encontrar uma chave, que pode controlar ou destruir uma inteligência artificial rebelada.
Em seu caminho estão, além da própria interessada na autopreservação, os governos de todo o mundo, interessados em conseguir uma arma tão poderosa para si.
No meio do caminho, ele ainda encontra tempo para salvar a antiga namorada (Rebecca Ferguson), cruzar com um antigo inimigo (Esai Morales) e conhecer uma possível nova aliada (Hayley Atwell).
Esai Morales e Tom Cruise em cena de ‘Missão: Impossível – Acerto de contas Parte 1’ — Foto: Divulgação
O enredo, que parece meio bobo assim na superfície, fica pior a cada novo detalhe. A vilã digital é batizada de A Entidade – e seria menos tosco se a chamassem logo de Skynet.
Afinal, com uma trama dessas, o novo episódio de “Missão: Impossível” mais parece uma introdução ao clássico “O Exterminador do Futuro” (1984) – que pelo menos soube fazê-lo com muito mais classe há quase 40 anos.
Se isso não fosse o bastante, a cena em que o conceito é apresentado é tão mal escrita que mais parece uma paródia.
Enquanto líderes militares e da inteligência americana discutem a existência desse novo e formidável inimigo em uma sala branca, o público espera pelo momento em que a câmera se afastará para revelar que tudo não passa de um filme dentro de um filme.
Infelizmente, esse momento nunca acontece. Depois disso, o roteiro do diretor Christopher McQuarrie – que repete suas funções dos últimos dois capítulos – com Erik Jendresen (“Band of brothers”) desiste de qualquer busca pelo novo ou surpresas.
Enquanto “Nação secreta” e “Efeito Fallout” se destacaram por dar a Cruise oportunidades de fazer cenas de ação absurdas dentro de histórias intrigantes, “Acerto de contas Parte 1” se contenta em fazer um pouco apenas do primeiro – e nem tanto assim também.
Tom Cruise e Hayley Atwell em cena de ‘Missão: Impossível – Acerto de contas Parte 1’ — Foto: Divulgação
O astro pelo menos aproveita seus grandes momentos e prova que não será o tempo a pará-lo.
Seja com um salto de paraquedas em cima de uma moto no topo de uma montanha para pousar sobre um trem, ou uma luta com capangas em um beco de menos de um metro de largura em Veneza, Cruise continua imbatível.
Ao lado da novata na série Atwell (a Peggy Carter, de “Capitão América”), ele consegue revitalizar o personagem, que nunca encontrou um equilíbrio lá tão bom com a igualmente competente Ferguson (“Silo”).
Mesmo assim, seu gosto claro por cenas em que aparece correndo ou sequências exageradas também podem ser um obstáculo sem um roteiro consistente.
Suas correrias sem sentido no topo de um aeroporto com uma trilha sonora descontrolada são inexplicáveis (apesar de muito bem filmadas) e só são superadas (negativamente) pelos momentos de apuros dentro de um vagão pendurado em uma ponte.
Henry Czerny, Rob Delaney, Indira Varma e Cary Elwes em uma das cenas mais inexplicavelmente bizarras de toda a franquia — Foto: Divulgação
A cena em si seria excelente, não tivesse sido bizarramente colocada depois da resolução de toda a trama – em que simplesmente não há qualquer risco. A não ser que você acredite que alguém vai de fato deixar Hunt morrer em algum “Parte 1” da vida.
“Parte 2” ainda pode salvar “Acerto de contas”. Basta que a Entidade tire sua máscara e revele que todo esse tempo sempre fora na verdade o personagem de Jon Voight, o primeiro vilão, com um grande plano mirabolante – ou qualquer coisa do tipo.
Sim, esta parece uma missão ainda mais impossível, mas os fãs da série ainda podem sonhar.
Informações G1
Foto: 20th Century Fox/Reprodução.
Durante as gravações de cenas de ação no set de Gladiador 2, diversos membros da equipe ficaram feridos. A informação foi concedida pelo porta-voz da Paramount Pictures, responsável pela produção do filme, e veiculada com exclusividade à revista Variety. De acordo com o comunicado, nenhuma dessas pessoas correm risco de vida.
“Durante as filmagens de uma sequência planejada de acrobacias no set da continuação de Gladiador, ocorreu um acidente durante o qual vários membros da equipe sofreram ferimentos não-fatais. As equipes de segurança e atendimento médico completo no local puderam agir rapidamente para que os impactados recebessem imediatamente os cuidados necessários. Todos estão em condição estável e continuam recebendo tratamento”.
O acidente em questão, ocorrido no set em Marrocos, causou queimaduras nos membros da equipe. Ao todo, quatro pessoas foram levadas para o hospital, e duas delas foram tratadas no local das filmagens.
Vale mencionar que o filme conta com um elenco formado por Paul Mescal, que será o protagonista e interpretará Lucius, Barry Keoghan, como o Imperador Caracala e Denzel Washington, em um papel ainda mantido em sigilo. Além disso, Connie Nielsen, intérprete de Lucilla no filme original dos anos 2000, e Joseph Quinn, conhecido por Stranger Things, se juntaram ao elenco do longa-metragem.
Como Maximus morre no final de Gladiador, a sequência é focada no filho de Lucilla, Lucius. A continuação do aclamado filme é um projeto no qual o diretor Ridley Scott vem trabalhando há anos.
Créditos: TERRA/UOL.
A cada semana, o catálogo da Netflix se atualiza com novos títulos que vão desde as novas produções originais até os clássicos eternos do cinema. Essa vasta biblioteca de conteúdo pode tornar a escolha do que assistir um verdadeiro desafio. Para te ajudar a navegar por esse mar de opções, a Revista Bula preparou uma seleção com os sete melhores filmes do momento disponíveis na plataforma.
Vale ressaltar que ‘melhor’ aqui não significa necessariamente obras-primas do cinema, mas sim filmes que conseguem entreter, comover ou intrigar de alguma forma. Cada um desses filmes foi escolhido por possuir qualidades únicas que os destacam dentro do catálogo da plataforma. Assim, temos um mix de gêneros, desde drama até ação, garantindo opções para todos os gostos.
Agente Infiltrado (2023), de Morgan S. Dalibert
Neste suspense de ação, um agente especial se infiltra em um grupo criminoso, mas a situação se complica quando o filho do chefão, um garoto de oito anos, entra na jogada. A vasta experiência do diretor em enredos que fundem ação, suspense e trapalhadas de uma polícia ora corrupta, ora bem-intencionada, mas perdida num sem-fim de necessidades jamais satisfeitas e às voltas com facções criminosas cada vez mais organizadas, renderam sequências capazes de manter o público numa expectativa quase perene, que só arrefece quando o número de cadáveres estendidos no chão supera qualquer chance de novas reviravoltas.
Em Uma Ilha Bem Distante (2023), Vanessa Jopp
Sobrecarregada no trabalho e menosprezada pela família, Zeynep Altin está no seu limite. Mas a gota d’água para ela é quando a funerária veste sua amada mãe com um terno em vez do seu vestido favorito. Em busca de um pouco de paz, tranquilidade e de sua identidade, Zeynep decide fugir de Munique para o chalé secreto de sua mãe em uma ilha croata remota. A única falha no seu plano é que o antigo proprietário do local, o rústico Josip, ainda mora no terreno.
Encurralados (2023), Onur Saylak
Um casal de Istambul, Yaln e Beyza, se muda para uma vila em Assos para recomeçar a vida. No entanto, desde o primeiro dia, os aldeões são hostis e ameaçadores contra Yaln. Em pouco tempo, a gravidade dessas reações cresce e, um dia, Yaln é atacado por um homem. Depois disso, a verdadeira identidade de Yaln será revelada em um conflito secreto entre ele e os moradores.
Já Era Hora (2023), Alessandro Aronadio
Dante é muito feliz com a namorada Alice, mas sua relação com o tempo não é das melhores. Cheio de compromissos, ele está sempre atrasado e tem a impressão de que a vida passa rápido demais. Isso também acontece em seu aniversário de quarenta anos, quando acaba chegando tarde na própria festa. Dante acha que existe uma solução: se trabalhar bastante, pode ser que tenha mais tempo livre no futuro. Mas, na manhã seguinte, um ano se passou. Para sua surpresa, Alice está grávida de quatro meses e ele não tem ideia do que aconteceu no resto do ano. Ao despertar novamente, Dante já tem quarenta e dois anos, e Alice coloca uma linda bebê em seus braços. É aí que ele percebe estar vivendo um pesadelo.
1976 (2022), Manuela Martelli
Ambientado no Chile, em 1976. Carmen tira uns dias de folga em sua casa de praia, quando um padre amigo de sua família pede que ela cuide de um jovem que ele abriga em segredo. O favor fará com que ela pise em território perigoso e inexplorado, longe da vida tranquila que está acostumada.
Noites Alienígenas (2022), Sérgio Carvalho
“Noites Alienígenas” acompanha a história de Rivelino, Sandra e Paulo, três amigos de infância que cresceram na periferia de Rio Branco, capital do Acre. O trio se reencontra a partir de uma tragédia em comum. Abordando os conflitos de uma sociedade em transformação e impactada de forma violenta com a chegada do crime organizado do sudeste do Brasil. A obra é inspirada no romance de mesmo nome escrito por Sérgio de Carvalho. O filme ganhou o Festival Gramado.
Meu Pai (2021), Florian Zeller
Antony é um idoso de 81 anos que mora em um luxuoso apartamento em Londres e sofre de demência. Sob os cuidados da filha, Anne, ele se sente constantemente perdido. Em seu cérebro, sua história não se encaixa mais cronologicamente. Ele já não reconhece os rostos das pessoas com quem convive e não se lembra onde guardou seu relógio, o que o deixa paranoico e irritado. Enquanto tenta encaixar as peças do quebra-cabeça de sua vida, Antony se perde no labirinto que se torna seu próprio apartamento, em constante transformação da mobília e cor das paredes.
Informações Revista Bula
Foto: Pathé Films
Asterix, o mais famoso guerreiro da Armórica, norte da antiga Gália, junta-se a Obelix, um tipo que junta força e poderes mágicos para defender sua terra da dominação romana, e nisso já se vão 64 anos. Publicados pela primeira vez em 1959, foram necessárias quatro décadas até que surgisse “Asterix e Obelix contra César” (1999), de Claude Zidi, e agora, em “Asterix e Obelix no Reino do Meio”, dois dos personagens mais longevos e queridos da cultura pop continuam firmes no propósito de manter a distância os romanos, mas estendem suas ambições para muito além da área compreendida entre a península da Bretanha e o território entre os rios Sena e Loire, incluindo-se também uma parte do interior. Guillaume Canet conhece seus protagonistas desde criança, e, talvez por isso, empenha-se tanto por preservar sua natureza épica, criando uma aventura que, na História real, decerto teria sido, no mínimo, improvável.
Roma avança sobre todo o mundo antigo, informa o narrador Gérard Darmon, para em seguida retificar que um vilarejo gaulês resiste à ofensiva de Júlio César (100 a.C. – 44 a.C.): justamente, claro, a aldeia onde Asterix e Obelix zelam por sua vida pacata, caçando os javalis que devoram — este com muito mais frequência que aquele, diga-se — entre hectolitros de cerveja e doses da poção mágica que os distingue dos outros. Aos poucos, Canet dispõe em seu roteiro, escrito em parceria com Julien Hervé e Philippe Mechelen, os detalhes que tratam dos planos do ditador romano acerca da invasão do Reino do Meio, a China, em 50 a.C., depois que So Hi — o nome de quase todos os personagens orientais resultam em trocadilhos ora irônicos, ora fesceninos, às vezes engraçados, às vezes não —, a imperatriz emburrada de Linh-Dan Pham, é destituída e presa no golpe de Estado conduzido pelo príncipe Deng Tsin Quin, de Bun Hay Mean. A princesa Fu Yi, vivida por Julie Chen, consegue escapar aos desmandos do novo déspota e com Tat Han, a ordenança real, de Leanna Chea, chega à Gália, ansiando que seus mais nobres cidadãos ajudem-na a resgatar a mãe e reaver a liderança sobre seu povo.
Na pele de Asterix, Canet desenvolve a contento a ideia central, dando azo também para respiros cômicos de outra natureza, a exemplo das sequências em que o César de Vincent Cassel e Cleópatra (69 a.C.–30 a.C.), a então companheira com quem divide a corte numa união nada idílica, interpretada por uma Marion Cotillard cirurgicamente mordaz — a esse propósito, basta dizer que a soberana do Egito troca o dono do mundo por outro homem, e não é por Marco Antônio (83 a.C.–30 a.C.) —, tecem considerações marcadas por xenofobia, misoginia e ressentimentos de parte a parte, tudo registrado pelo biógrafo do imperador, o afetado Biopix, de José Garcia. As passagens em que contracena com o Obelix de Gilles Lellouche tem lá sua graça, mas o filme dá a impressão de começar mesmo só na metade do segundo ato, quando o vasto elenco reúne-se num campo na movimentada sequência em que o vilão de Cassel sujeitar o Reino do Meio a uma humilhação tanto pior que a infligida por Deng Tsin Quin, mas é contido pelos heróis dos quadrinhos criados por criados pelo roteirista René Goscinny (1926-1977), e Albert Uderzo (1927-2020), responsável por dar a forma com que Asterix e Obelix tornaram-se internacionalmente célebres até hoje. O desfecho, confuso, vale pela paródia da canção-tema de “Dirty Dancing — Ritmo Quente” (1987), de Emile Ardolino (1943-1993), encenado num final feliz crível em se levando em conta a fantasia que perdura por seis décadas, e contando.
Filme: Asterix e Obelix no Reino do Meio
Direção: Guillaume Canet
Ano: 2023
Gêneros: Aventura/Comédia
Nota: 7/10
Foto: Divulgação/Saban Films
Uma vida sem sobressaltos num lugarejo perdido em algum rincão do Velho Oeste deveria ser a expressão máxima da plenitude para um grupo social que se habituou a nunca esperar nada de quem quer que seja. Entre essas almas pias e um tantas simplórias está Patrick Tate, o protagonista de “Terra Sem Lei”. Emile Hirsch parece ter incorporado o espírito do artesão a que dá vida no filme e compõe um personagem rico de nuanças, como se saído da melhor carpintaria do cinema. A se tomar apenas o personagem de Hirsch, se tem a impressão de que Ivan Kavanagh, irlandês como seu anti-herói, quer abordar temas os mais amenos possíveis, mas a tranquila vida testemunhada por uma ou outra colina marcada pelo tempo, para lembrar Giacomo Leopardi (1798-1837), de longe em longe a observar aquela felicidade de vidro, vai caindo por terra, quase sem se notar, abalada pela vinda de um visitante malquisto, que acaba ficando de vez, para o desespero dos ditos homens de bem. Como se por encanto, de um momento para o outro a paz que reinava por ali cada vez mais dá lugar a dias de ânimos exaltados, agitação do espírito e gozo efêmero do corpo, uma realidade caótica que degringola em tumulto, caos, morte. Uma nova ideia de obediência ao Estado se institui, a própria noção de Estado se deteriora, ao passo que aqueles que poderiam insurgir-se, elevar sua voz e exigir que tudo se mantivesse como sempre houvera sido, comodamente, covardemente, se calam. Era essa a última barreira a ter de cair para que vingasse um regime anárquico, primitivo, em que tornaria a valer a máxima do olho por olho, dente por dente, até que o vilarejo fosse um reino inglório de cegos e desdentados. O horror, o horror!
A relação entre dois tipos que deveriam se repelir e se odiar é o ponto de partida do roteiro de Kavanagh, western sobre as tantas contradições humanas num lugar sem esperança, amaldiçoado pelos mais baixos apetites da matéria. O diretor-roteirista se inspira em ninguém menos que no Sérgio Leone (1929-1989) de “Por Um Punhado de Dólares” (1964), que por sua vez nasceu da adaptação de “Yojimbo” (1961), dirigido por Akira Kurosawa (1910-1998). Aqui, como na mexicana San Miguel idealizada por Leone, o desencontro entre a lei e os interesses escusos de figuras como o caubói sem nome vivido por Clint Eastwood, talvez o papel em que tenha flertado mais desabridamente com a zona cinzenta que separa mocinhos de vilões, cresce à medida que fundem-se sutilezas retóricas como moral, ética ou decoro somem na bruma árida de Garlow, ao norte da Trilha da Califórnia, que vem desde o Missouri. Tão insistente quanto a Trilha ou Eastwood, firme em seu propósito de vencer o tempo, é o personagem central do longa de Kavanagh, estritamente ligado a essa realidade de anomia, por mais que não se possa nunca admitir qualquer justificativa para a barbárie — legitimada pelo cenário selvagem que rodeia aquelas pessoas, universo paralelo sem qualquer vestígio de ordem, como insinua o título em português. Ao contrário do que se atesta no clássico do italiano, no trabalho do irlandês não se vislumbra nenhuma circunstância em que o anti-herói e o antagonista possam se tornar amigos, e isso faz Kavanagh marcar uma cruz na coronha sobre Leone.
O carpinteiro Tate, em nada semelhante ao tipo encarquilhado e dado a gracinhas que rivalizava com o protagonista de “Por Um Punhado de Dólares”, leva uma vida modesta, mas digna junto com a esposa francesa Audrey, de Déborah François, e os dois filhos, Emma e Thomas, de Molly McCann e Quinn Topper Marcus. Os preceitos religiosos evocados pelos Dez Mandamentos são mencionados obstinadamente pelo reverendo Samuel Pike, personagem de Danny Webb, casado com uma mulher 25 anos mais jovem, Maria, interpretada por Antonia Campbell-Hughes. Ninguém se opõe à autoridade nem de Deus nem do cura, mas a chegada de um forasteiro, imigrante como quase todos ali, implode os castelos de areia de serenidade e mansidão de Garlow. Kavanagh começa a sustentar parábolas instigantes com a entrada em cena de John Cusack encarnando Albert, o Holandês, um fora-da-lei que começava a ganhar fama na América profunda. Vestindo preto da cabeça aos pés, além do chapelão de abas largas que verdadeiramente o distingue dos outros, Albert parece completamente imune ao ambiente de falsa piedade de que a cidadela tanto se orgulha — e nisso, infelizmente, está coberto de razão, como se assiste na sequência em que, como o reverendo Pike, também se põe a dizer um sermão para a senhora Crabtree, de Anne Coesens, que vai lhe pedir emprego, mas recusa suas condições. O vilão caricato e nada óbvio de Cusack faz do achatamento de cada um dos pilares da frágil civilidade daquele fim de mundo dos Estados Unidos de meados do século 19 sua profissão de fé e dissemina sua catequese às avessas instalando um prostíbulo a uma parede da igreja de Pike. Ali, no desfecho da história, ele e Tate acertam suas contas, manchando de sangue um Cristo crucificado e aturdido com o descaminho dos dois, uma das imagens mais terrificantes do cinema dos nossos dias.
Filme: Terra Sem Lei
Direção: Ivan Kavanagh
Ano: 2019
Gêneros: Faroeste/Drama
Nota: 9/10
Informações Revista Bula
Todo cuidado é pouco quando se decide abordar temas vastos e complexos demais para caber num único filme. O êxodo massivo de pessoas que fogem da miséria, da fome, da perseguição por razões políticas, ideológicas e religiosas pode dar azo a uma história plena de lirismo, a despeito do quão profundo se condicione a ir na exploração sincera e comedida de um drama planetário, e em “Adú”, resta claro que o propósito do espanhol Salvador Calvo é, sim, emocionar, mas usar do sentimento mais puro, expresso pelo olhar amedrontado de um garoto na primeira infância, a fim de conduzir o público por uma viagem longa, fadigosa, plena de incertezas e riscos, encadeando outras duas tramas que vibram sob o mesmo diapasão, ainda que em direções opostas.
A serenidade de uma mesquita ao anoitecer contrapõe-se à massa de imigrantes em situação irregular pulando o muro que separa o Monte Gurugu, no extremo norte marroquino, e o campo que dá acesso ao monte Gibraltar, por onde acessam a Europa pela cidade espanhola de Melilla, flagrada pelas lentes de Calvo, e a beleza da fotografia de Sergí Vilanova é um elemento perene quanto a se absorver na justa medida a ambivalência de “Adu”. Se por um lado, uma construção de quase meio milênio, alva de um branco resplandecente, destaca-se como um espectro benfazejo num Marrocos estigmatizado por desigualdades de toda natureza, por outro, pontos quase amorfos brilhando num fundo acinzentado, feito células observadas a um microscópio, tentando desesperadamente achar um meio mais favorável, começam a delinear a tragédia de Adú, o menino involuntariamente negligenciado por Safí, de Bella Agossou, a mãe que precisa cuidar também de sua própria subsistência, além de prover outros dois filhos, um mais novo, e a primogênita. Zayiddiya Dissou rouba a cena na pele de Alika, que à diferença do irmão menor, sabe perfeitamente o que acontece; é possível ter uma boa ideia de como o roteiro de Alejandro Hernández vai se desembaraçar apenas concentrando-se em seu olhar, sempre no limite do compungido e do furioso. Uma sequência ainda no primeiro ato dá uma ideia do sofrimento da garota, que não pode dividir com ninguém mais, e, pouco depois, quando são forçados a se lançar numa aventura suicida nas estranhas de um avião, o talento de Dissou une-se ao senso artístico, instintivo e certeiro, de Moustapha Oumarou, que revela, afinal, o vigor do pequeno astro, inesperadamente sozinho — ou ainda mais sozinho — num cenário tão desolador quanto o de origem. Seu redentor atende pelo nome de Massar, um rapaz dez anos mais velho, preto e desvalido como ele, e até o desfecho, a subtrama da amizade inusitada dos dois é o que definitivamente torna o filme algo de excepcional.
Os conflitos de um homem branco e solitário às voltas com pesados empecilhos a seu trabalho como guarda florestal numa reserva de paquidermes, aumentados à potência do intolerável com a chegada da filha, até o fim motivo de preocupação e graves suspeitas, só não chafurda no tedioso porque muito bem defendidos por Luis Tosar. Gonzalo, seu personagem, personifica anseios de outra categoria quanto a integridade do continente africano como um todo, e a parceria com Anna Castillo na pele de Sandra, a patricinha hippie chique que, a custo, sai um pouco do figurino, amarra o tétrico da vida de Adú e Massar. Quanto ao entrecho do meio, entre as narrativas dos dois pequenos forasteiros e da nova família refeita numa selva sob ameaça sem limite, Calvo poderia ter nos livrado dessa.
Filme: Adú
Direção: Salvador Calvo
Ano: 2020
Gênero: Drama
Nota: 9/10
Informações Revista Bula
Divulgação / Wild Bunch Germany
O cinema reinventa lugares e épocas ao talante do que lhe exige o público, leia-se o mercado. “Terra Selvagem”, o thriller meio faroeste de Taylor Sheridan, soa como uma tentativa encarniçada do diretor de recobrar a mística de um ambiente e de um tempo há muito superados — lamentavelmente —, o que consegue em parte. Sheridan, a potência oculta nos roteiros de “Sicario: Terra de Ninguém” (2015), dirigido por Denis Villeneuve; “Sicario: Dia do Soldado” (2018), de Stefano Sollima, e “A Qualquer Custo” (2016); de David Mackenzie, passa à direção levando muito do que deixou somente insinuado naqueles filmes e aqui empenha todas as fichas na construção do intricado contorno psicológico de seu anti-herói, um tipo ao qual ninguém fica indiferente.
No mundo perfeito de cada um, existe um prado onde o galho das árvores dança ao sabor do vento, é o que diz o poema de Emily Lambert, a filha de Cory, o melhor caçador de lobos de Lander, no Wyoming, noroeste dos Estados Unidos. Emily aparecera morta anos atrás, e Cory, um dos grandes papéis de Jeremy Renner, finge para si mesmo que não sente a falta dela da maneira que sua ausência o tortura. Como ele reconhece numa passagem já na conclusão, filhos não nos deixam piscar, e esse raciocínio decerto pode servir de explicação para a angústia de que não se livra. Por óbvio, outro episódio dessa natureza volta a atirá-lo fundo no limbo emocional de que não consegue — e não quer sair —, mas se antes grassava nele a pulsão de morte que julga combinar melhor com seu temperamento, agora, mesmo que quisesse se entregar ao sofrimento e à inércia, precisa reagir.
A linda fotografia de Ben Richardson amortece os muitos lances de incerteza quase sufocante do texto de Sheridan, que explora detalhes aparentemente inócuos a exemplo de um lobo à espreita de um rebanho de ovelhas brancas, malhadas e negras, abatido por Cory na sequência. Fica o sangue na neve e em sua camisa, o que passa longe de suas preocupações. Quem se incomoda é Annie Hanson, de Althea Sam, que também se compadece do vestuário de Jane Banner, inadequado para quem passar horas a fio percorrendo as colinas gélidas dos campos de Lander. Destacada pelo FBI para investigar o sumiço de Natalie, a neta da velha índia, a mocinha de Elizabeth Olsen se depara com a desídia das autoridades da cidadezinha, momento em que o diretor começa a virar o leme da história para o componente social que deseja imprimir a seu trabalho, explícito numa tela em que Cory e Martin Hanson, participação bissexta, mas decisiva de Gil Birmingham, sentam-se ao relento de uma tarde de inverno rigoroso à espera da verdadeira justiça.
Filme: Terra Selvagem
Direção: Taylor Sheridan
Ano: 2017
Gêneros: Mistério/Thriller
Nota: 9/10
Informações Revista Bula
Mais indicada da noite, produção ganhou como melhor filme, direção, roteiro original, atriz, ator coadjuvante, atriz coadjuvante e montagem.
“Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo” foi o grande vencedor do Oscar 2023, que aconteceu na noite deste domingo (12). Além de ganhar como melhor filme, a produção ainda levou outras seis estatuetas.
A ficção científica venceu os prêmios de direção e roteiro original (Daniel Kwan e Daniel Scheinert), atriz (Michelle Yeoh), montagem e ator e atriz coadjuvantes (Ke Huy Quan e Jamie Lee Curtis).
O filme já era o mais indicado do ano, com 11.
Yeoh, ao ganhar por sua atuação como a dona de uma lavanderia que descobre ser a chave para salvar o multiverso, se tornou a primeira mulher não branca a vencer como melhor atriz desde Halle Berry (“A última ceia”), em 2001.
Outro destaque foi o alemão “Nada de novo no front”, que venceu nas categorias de filme internacional, fotografia, trilha sonora e design de produção.
Brendan Fraser foi escolhido como melhor ator por sua atuação em “A baleia”, como o professor obeso que tenta se reaproximar da filha ao perceber que sua vida pode estar próxima do fim. O filme venceu ainda como melhor maquiagem e penteados.
Na categoria de roteiro adaptado, a vencedora foi a diretora de “Entre mulheres”, Sarah Polley.
Em um ano com sucessos de bilheteria entre os indicados a melhor filme, “Top Gun: Maverick” ganhou como melhor som e “Avatar: O caminho da água” foi escolhido como melhor efeitos especiais.
“Pantera Negra: Wakanda para sempre” venceu na categoria de figurino. “Navalny” foi o documentário da noite. “Pinóquio por Guillermo del Toro” levou a estatueta de animação.
Com as vitórias de “Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo”, concorrentes fortes com múltiplas indicações passaram a noite em branco. Entre eles estão “Os banshees de Inisherin”, “Elvis”, “Os Fabelmans” e “Tár”.
A última vez em que um filme ganhou sete prêmios foi em 2014. Naquele ano, “Gravidade” levou o mesmo número de estatuetas, mas não na categoria principal (que foi para “12 anos de escravidão”).
A noite ainda foi marcada pelos shows das indicadas a canção original, Lady Gaga (“Top Gun: Maverick”) e Rihanna (“Pantera Negra: Wakanda para sempre”), que perderam para M.M. Keeravaani e Chandrabose, de “RRR”.
O tapa dado por Will Smith em Chris Rock em 2022 foi o assunto mais lembrado do evento, em especial pelo apresentador, Jimmy Kimmel, que fez piadas com o incidente da edição passada na abertura e ao longo da premiação.
Veja a lista completa com os vencedores:
Informações G1