“A Mão de Deus” é uma autobiografia do cineasta italiano Paolo Sorrentino, uma das belas histórias que você irá encontrar no catálogo da Netflix. Lançado em 2021, Paolo relembra sua adolescência nos anos 1980, os encontros convencionais com sua excêntrica família, a ida de seu maior ídolo, Maradona, para o Nápoli, e a morte dos seus pais.
Um conjunto de acontecimentos da vida do realizador, vistos por um caleidoscópio de emoções, porque ele nos mostra que o mundo não é preto e branco. Não há apenas tragédias ou sucessos. A vida tem várias matizes e é possível ser feliz e triste ao mesmo tempo. O filme é um misto de drama e comédia e tudo se encaixa de forma incrivelmente harmônica, se transformando em uma deliciosa fábula da vida.
Em “A Mão de Deus”, não há um roteiro linear, uma sinopse desenhada, mas conta como Fabietto Schisa (Fillipo Scoti), adolescente de 16 anos, magricelo e introspectivo, de cabelos encaracolados, navega da infância para se tornar um homem, quando é obrigado pelas circunstâncias a amadurecer e encontrar um sentido para sua vida.
O nome do filme parece bem óbvio para os admiradores de futebol. É uma referência ao gol de mão, marcado por Maradona contra a Inglaterra, na final da Copa do Mundo de 1986. Apesar de irregular, foi validado e passou a ser chamado de “a mão de Deus”. Mas o nome também é uma forma de Sorrentino dizer que sua vida foi transformada, e até mesmo salva, por Diego Maradona.
Isso, porque os pais de Paolo Sorrentino morreram em 1987 envenenados por monóxido de carbono no chalé de férias da família. Fabietto havia ido a uma partida do Nápoli, para ver o ídolo e, por isso, não morreu igualmente intoxicado.
Enquanto fala da paixão de Fabietto pelo futebol, mostra sua descoberta do cinema, em meio a idas com seu irmão, Marchino, para audições de Fellini e um papo com o cineasta Antonio Capuano. O filme de memórias de Sorrentino não revisita apenas a história do cineasta, mas nos transporta ao nosso próprio passado, por causa da identificação com o perfeito caos que é a família do protagonista, o lar amoroso, mesmo que disfuncional.
A maior qualidade de Paolo Sorrentino em “A Mão de Deus” é transformar o banal em mágico nesta cativante crônica do amadurecimento.
Filme: A Mão de Deus
Direção: Paolo Sorrentino
Ano: 2021
Gênero: Drama
Nota: 10/10
Informações Revista Bula